A propósito de umas olheiras profundas, chegou até mim uma história que vale a pena trazer à baila, porque contrasta com as histórias normalmente chegam até nós.
A um casal à espera de gémeos, seguido por uma equipa da Maternidade Alfredo da Costa, foi diagnosticado, aos 3 meses de gestação, um problema de irrigação sanguínea num dos gémeos, estando o outro em esforço. Um problema complexo para o qual não há ainda resposta em Portugal. Mas em Inglaterra há. Organizado pela Maternidade e pago pelo Sistema Nacional de Saúde, este casal foi enviado para Inglaterra onde foi feita uma intervenção, intra-uterina, levada a cabo por um especialista belga e assistida por uma grande equipa de médicos, vindos de vários países e que faziam formação na técnica em utilização.
O casal voltou, a cirurgia tinha sido bem sucedida e as crianças nascem às 32 semanas de gestação. Havia um tempo necessário de incubadora e sabia-se que ao bebé que esteve em esforço, era necessária uma intervenção cirúrgica com urgência, pois tinha uma das artérias pulmonares obstruída. Dado que o seu peso ao nascer não permitia que fosse feita esta intervenção, o bebé foi ventilado até atingir o peso necessário. Foi feita uma primeira intervenção, rápida, que permitia tornear o problema até o bebe ter peso suficiente para suportar uma operação mais complexa e demorada.
No final do seu primeiro mês de vida as crianças já estão em casa, tendo superado já, em tão tenra idade, enormes obstáculos que há bem pouco tempo seriam intransponíveis.
Há grande lições de esperança a tirar desta história: começando pelos bebés, grandes lutadores ainda tão pequeninos; pela medicina, que evolui todos os dias na luta pela vida, na vontade e facilidade de transmissão de saberes e conhecimentos simbolizada por aquela equipa internacional, onde felizmente também estava um médico português e, finalmente, pelo exemplar desempenho da Maternidade Alfredo da Costa e do Sistema Nacional de Saúde que, sabemos, muito têm a melhorar mas que, neste caso, com o seu empenho e eficácia, permitiram a vida ao Tomás e ao Miguel.
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