quinta-feira, 24 de julho de 2008

Intercultural(idades)

Recentemente uma amiga minha mostrou-me umas fotografias do Jardim de Infância que coordena. De imediato se destacava a diversidade de origens das crianças. Um autêntico “melting-polt”de menin@s sorridentes, criando, brincando, interagindo. Diverti-me ao ouvir os nomes e alcunhas, os comentários às conversas que as educadoras procuram estimular aproveitando esta mais valia *“Somos todos diferentes uns dos outros e ainda bem!”. De repente, lembrei-me da preparação de um teatro, há umas décadas atrás. Éramos uns vinte e tal miúd@s a pesquisar o atlas, a ouvir músicas em linguagens “estranhas”, a imitar trajes tradicionais e a vivenciar outros ritmos. A apreender distintas possibilidades de ver. A reinventarmo-nos outros. Interessante, sem dúvida, mas uma proximidade só da imaginação, um “faz-de-conta”. Pelo contrário, para as crianças deste Jardim de Infância - incluída num típico bairro portuense carenciado - a aprendizagem intercultural é uma realidade diária. Reflexo de mudanças estruturais profundas dentro de uma comunidade. Da necessidade de criar uma relação construtiva e positiva com o mundo envolvente. Nós fabulávamos povos e culturas exóticas, este menin@s partilham entre si hábitos familiares - como lanches com variados paladares - cantam as suas canções de embalar, explicando significados; recontam a terra dos seus pais, já não em primeira voz mas com a carga emocional do que vão ouvindo. Um território simultaneamente distante mas intimo nos afectos que vão definindo a sua identidade. Quem sabe o que resultará desta convivência… Certo é que esta geração já “experimenta” um mundo com múltiplas maneiras de ser, de fazer ou de dizer as coisas. Talvez assim se vá concretizando a ideia que *“aceitar e valorizar a diversidade humana é um dos traços essenciais da nossa civilização”.

* Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada

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