Ensina-nos a teoria que qualquer “grupo étnico” tem tendência a concentrar-se em bairros, quando ocorrem as circunstâncias para isso, como um mecanismo de protecção, solidariedade e afirmação da sua identidade “étnica”. Foi também este o caso de Portugal nas décadas de 60 a 90. Estes bairros, surgiram de forma progressiva. Casa a casa, rua a rua. Vizinho escolhendo e aceitando o próximo, aprendendo a conhecê-lo. Bairros em que as origens tinham importância na manutenção de laços culturais e em que a integração social se fazia por via de solidariedades e particularismos locais. Na década de 90, estes equilíbrios foram alterados por via de processos de realojamento necessários mas pouco equilibrados e, sobretudo, mal pensados. As boas intenções geraram integrações forçadas, convivências não preparadas e conflitos latentes à espera de oportunidade. Pois bem, a anomia social, de que a sociedade actual sofre, fez surgir a oportunidade e os conflitos são hoje manifestos. Os casos que vão enchendo os jornais, mostram como as políticas nacionais ou locais podem ser tão seally como a season em que vivemos. O diagnóstico está há muito feito. Agora é necessário tratar a doença.
Por outro lado, de quatro em quatro anos chegam os Jogos. Descobrimos países que não conhecíamos. Desportos onde os grandes perdem para os pequenos, os favoritos para desconhecidos e os veteranos por vezes superam os jovens. No caso português, descobrimos também que os portugueses já não são todos brancos, baixos e de bigode, mas que os há de todos os tamanhos, sexos e cores (e com ou sem bigode). Nos Jogos sentimos orgulho nos portugueses que nasceram na Nigéria, em Moscovo, em São Tomé, em Paris, em Caracas, na Costa do Marfim, em Cabo Verde, no Porto, em Lisboa, em Coimbra ou em Montemor o Velho. Sentimos orgulho, não nas suas vitórias, mas por estarem lá, representando o nosso país, um país onde cabem todos. Ora, se cabem todos num país não caberão todos na nossa sociedade?
Que o espírito dos Jogos vos acompanhe.
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Brancos, Pretos, Ciganos e os Jogos Olímpicos
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Jogos Olímpicos,
Portugal,
Racismos
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