quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A propósito de educação, pontes e esperança…

“Escola da Ponte”, o nome revela o seu espírito.
Com mais de 30 anos de existência, hoje podemos observar o seu sucesso, pela equipa que fez uma utopia tornar-se numa escola pública de referência nacional e internacional.
Para quem não conhece a Escola da Ponte fica em Vila das Aves, concelho de Santo Tirso, a cerca de 30 km da cidade do Porto.
“Cruzei-me” com esta escola por ter filhos pequenos, sonhos de educadora e vontade de encontrar uma escola para os meus filhos e para mim.
Fui, por curiosidade, ao lançamento de um livro, cujo autor, José Pacheco, escreveu, inspirado no projecto educativo que desenvolveu ao longo da vida e que se chama “Escola da Ponte – Formação e Transformação em Educação”.
Percebi que É possível!
A Escola da Ponte prova como através do conhecimento se chega a realizações.
Nesta escola a ponte é feita entre todos.
A lógica é de participação.
Começou por promover a educação inclusiva num projecto educativo onde o amor se associa à responsabilidade e o conhecimento é adquirido num clima de solidariedade.
Os alunos organizam-se em grupos heterogéneos, pensam, projectam e a avaliação é feita consoante o ritmo de cada um.
Os professores, designados como “orientadores educativos” proporcionam a reflexão num clima de auto-formação responsável e são a fonte de informação, de partilha, de afecto, de segurança.
O órgão máximo da Escola é a assembleia de Pais, cujas decisões são vinculativas.
Outra característica que me fascinou foi a função da música clássica no dia-a-dia, não apenas pelo estímulo à concentração, como pelo desenvolvimento do sentido estético e conhecimento musical.
É evidente tratar-se de uma escola que investe na felicidade.
A autonomia e a responsabilidade são princípios ao nível do desenvolvimento do projecto educativo, quer na sua concepção como execução.
Não é uma escola que respeita a diferença, é uma escola diferente no seu sentido universal, no sentido de cada um ser único e irrepetível e a diferença uma virtude de todos.
Há promoção do diálogo, da comunicação, da solidariedade e assim se procura desenvolver uma cultura de cooperação.
Uma escola de e para “fazedores de pontes”.
Isto é tudo aquilo em que acredito!
Surpreendeu-me, num clima de tanto desgaste e massacre em relação á educação, encontrar uma “escola da ponte”.
Talvez porque como cidadã todos os dias assisto a conflitos e acho urgente olhar para exemplos como esta escola e conseguir ver que a realidade não é o “copo meio vazio”.
Acredito que em Vila das Aves, Santo Tirso exista um óptimo exemplo e que a diferença é sempre relativa à luz daquilo que cada um de nós vê como verdade ou como igual.
Acredito, também, que criticas sejam feitas a este projecto…mas os mensageiros de utopias estão sujeitos a elas e mais que isso agradecem, pois a análise crítica provoca conhecimento, mudança e isso é fundamental em toda a construção.
Para mim, para o meu País gostava que autonomia, responsabilidade, inclusão, diálogo e pontes fossem a base da educação e que aqui ninguém ficasse de fora.
Bem hajam fazedores de pontes, criadores de utopias e executores de afectos!

JMC
Movimento Esperança Portugal

1 comentário:

Anónimo disse...

Se este modelo de escola funciona, por que é que não se aplica o mesmo modelo às outras escolas?