quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Escola Adolfo Portela

O Movimento Esperança Portugal (MEP), partido do qual faço parte, tem vindo a realizar um conjunto de visitas e encontros com diversas entidades e pessoas para conhecer com maior profundidade a realidade do país e, com maior acuidade, preparar a sua proposta política a apresentar aos portugueses em 2009.
No âmbito de um périplo pelo distrito que o núcleo de Aveiro organizou na passada sexta-feira, com o presidente do partido, Dr. Rui Marques, tivemos a oportunidade de visitar a Escola Secundária Adolfo Portela, em Águeda. Este encontro teve dois objectivos principais: conhecer a realidade da escola, os desafios, as dificuldades que se lhe colocam e, ao mesmo tempo, identificar os factores de sucesso que lhe permitiram, nomeadamente, a melhoria mais significativa, a nível nacional, nos resultados obtidos nos exames do 12.º ano, considerando o ano que passou face ao ano 2007.
A Escola Secundária Adolfo Portela obteve, assim, o 1.º lugar no “Ranking MEP das Escolas 2008”, que assenta, não apenas no resultado absoluto nos exames do ano em causa, mas no diferencial de melhoria relativamente ao ano anterior, valorizando, a partir de um prisma diferente do habitual, o esforço que permitiu a evolução alcançada.
Desta forma, a visita teve igualmente o objectivo de entregar ao Conselho Executivo da escola um prémio que simboliza esse outro olhar, sublinhando a importância desse desígnio para Portugal de, nos mais diversos sectores, olhando o ponto de partida, procurar melhorar permanentemente o desempenho.
Do encontro com o Conselho Executivo da escola ficou clara a angústia que os professores sofrem com a excessiva carga burocrática, agravada por este governo, com tendência para os desgastar e afastar da actividade essencial: educar.
Tenho dito que é o centralismo no seu esplendor, procurando-se, a partir de um gabinete em Lisboa, tudo normalizar e controlar. Um modo de estar que revela o ambiente de desconfiança que se vive em Portugal. Temos medo da liberdade, porque desconfiamos e porque não temos sido capazes de responsabilizar as escolas pela qualidade do serviço que prestam, mas também os pais e os alunos. É um modelo que se presta a deixar a responsabilidade sem dono e sem ambição, sempre acantonada na desculpa da condição social dos alunos, como se os pobres fossem menos inteligentes.
Voltando à Escola Adolfo Portela, a equipa dirigente identificou, como um dos principais pressupostos para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem, o esforço, partilhado pela restante comunidade docente, em centrar as atenções do trabalho na sala de aula e nos estudantes. Um ensinamento de quem sabe, que alguns teimam em não aprender. O processo de educação tem estar centrado nos alunos, mas também nos professores, e nos pais.
Outro factor de sucesso, que revela clarividência, pende-se com o esforço continuado em manter um ambiente escolar amigável, limpo, organizado. Os exemplos são diversos, ficando aqui alguns sintomáticos: manter os quartos de banho limpos e em tão boas condições quanto os dos professores; uma cantina acolhedora e com boa e diversificada comida, onde almoçam também os professores, depois de esperar pela sua vez na fila, como qualquer aluno; salas de aulas limpas e acolhedoras, sem riscos nas mesas. Parece pouco? Não é. Assim mudam radicalmente os comportamentos. Qualidade gera qualidade, num ciclo de desenvolvimento.
Além de tudo, não podia faltar a disponibilidade dos professores para ajudar os alunos fora do contexto das aulas e a organização de actividades circum-escolares, que envolvam também as famílias – faz toda a diferença. É uma escola humanizada, que envolve e responsabiliza.
Foi ainda destacada a vantagem de um corpo docente estabilizado. E deverá realçar-se a relevância de uma equipa dirigente coesa, determinada e com uma ambição e projecto próprios, apesar das dificuldades e entraves à sua actuação. Soma-se o facto de que, sendo reduzido o reconhecimento das actividades de gestão e sendo avultadas as responsabilidades, não se torna apetecível essa exigente missão.
Os professores que constituem o Conselho Executivo, num projecto iniciado há já treze anos, têm o saber de experiência feito, apostando na melhoria permanente. Porém, dizem, tudo seria melhor se tivessem mais liberdade e autonomia. E porque não também quanto ao processo de avaliação? Porque não uma maior responsabilização das escolas, distinguindo-se as boas das menos boas e das más?
E que melhor avaliação do seu trabalho do que aquela que é feita pelos resultados dos estudantes, pelo ambiente que se respira e pelo aumento da procura que levou a escola a ter de pedir autorização para abrir mais turmas?

Ângelo Ferreira
Publicado no jornal Diário de Aveiro de 24/11/2008
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Legenda e créditos das fotografias:
1. Escola Secundária Adolfo Portela (ESAP)/ESAP
2.Presidente do MEP, Dr. Rui Marques, entrega troféu a Presidente da Escola Adolfo Portela, Professor Henrique Coelho/ ESAP
3. Entrega de prémios aos melhores alunos da ESAP/ESAP

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