Numa sociedade livre e racional a mudança ocorre quando se verificam fundamentos para tal.
É uma verdade inquestionável. Ou talvez não!
Um modelo pode manter-se válido por longos períodos de tempo. É o que se tem verificado no mundo ocidental nas últimas décadas. Com oscilações, ciclos, crises e tudo o mais. Mas sem alterações estruturais de grande monta.
Este equilíbrio económico deu origem a um equilíbrio social, pois as partes não tem incentivos a mudar. As empresas, e especialmente os grupos económicos têm crescido exponencialmente e a grande maioria da classe trabalhadora e pequenos empresários têm também conseguido ver as suas condições de vida melhorar de uma forma sustentada. Tudo isto é excelente e catapultou o mundo ocidental e os seus cidadãos para um nível de vida que era inimaginável em meados do século passado.
O que me preocupa é a percepção de que este modelo já não está em equilíbrio. E já não está em equilíbrio há alguns anos. E que a parte mais forte, os grandes grupos económicos e financeiros, fruto de uma melhor percepção da realidade global e maior capacidade de actuação, e com o apoio de algum poder político que conseguem cativar, têm estado sistematicamente a alterar as regras do modelo, impedindo que a outra parte, a esmagadora maioria dos indivíduos disso se aperceba.
Ao longo da última década temos assistido a sinais de aviso oriundos das mais diversas áreas: o ambiente tem vindo a degradar-se de uma forma insustentável; as garantias que o estado social tem vindo a apregoar não estão mais asseguradas; a massificação da educação não consegue garantir as mesmas oportunidades para todos; os direitos e liberdades fundamentais estão cada vez mais garantidos apenas ao nível teórico, mas não na prática, o fosso entre os mais ricos e os menos ricos têm vindo a acentuar-se.
Mais recentemente, a crise no mercado financeiro, com origem no mercado imobiliário, acaba com o sonho de todos sermos proprietários de uma casa, e as suas consequências na economia real vão também por algum tempo reduzir o direito ao emprego, pelo menos para um previsível muito numeroso grupo de pessoas.
Neste momento, a percepção das falhas do modelo existente são reais. Em breve as dificuldades serão sentidas por todos nós. Simultaneamente, a percepção que temos do poder dos grandes grupos económicos está a tornar-se mais clara e podemos ver as suas fraquezas.
Em suma, o modelo está em desequilíbrio e esse facto não é mais ocultável.
Apesar dos esforços conjugados de todos os governos ocidentais, não há garantias de que a situação anteriormente vigente possa ser reposta.
A oportunidade para a mudança está aqui e agora. É hoje o tempo para a realizar. E acho que não sou o único que vê isso - CHANGE / YES WE CAN.
Se conseguirmos ser cada um de nós mais um elemento a pender a balança para a mudança, se tivermos a audácia de arriscar aquilo que temos (erradamente) apreendido como garantido e aceitarmos a possibilidade de um mundo melhor para todos, se abandonarmos a lógica do politicamente correcto e lutarmos por uma lógica do eticamente correcto, se acreditarmos que o futuro pertence a todos nós e a todas as gerações futuras e não apenas a alguns poucos de nós hoje, então, estamos preparados.
O último ingrediente, e aquele que poderá ser o catalisador da mudança, chama-se esperança. É a esperança que nos dará força. É a esperança que nos fará acreditar.
Não tenho a certeza que futuro está reservado para mim, para os meus filhos, para a humanidade. Mas tenho a esperança que a mudança nos leve a um mundo melhor.
Talvez não seja materialmente melhor. Mas será um mundo com futuro.
Talvez não seja um mundo em paz e estável, mas terá os alicerces para no futuro o ser.
Talvez não seja um mundo justo, multicultural e global, mas certamente tenderá para isso sem excluir ninguém.
E certamente será um Mundo mais verdadeiro e honesto do que aquele que temos hoje. Um mundo onde terei mais orgulho em viver e educar os meus filhos.
Miguel Martins dos Santos
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
A OPORTUNIDADE DE MUDAR
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