Sobre as atitudes e comportamentos das novas gerações recai frequentemente um olhar severamente crítico, carregado de desconfiança sobre o futuro. Não é rara uma expressão de pessimismo generalizando que as coisas nunca estiveram tão mal, o que, se pensarmos bem, com apurado sentido de justiça, não corresponde à verdade. Nem tudo está bem, é certo, e não deve ser desvalorizado, mas será correcto atirar para os ombros dos mais novos o peso de todas as nossas frustrações?
A construção de um país mais desenvolvido e equilibrado, mais rico e solidário, passa certamente pelo fomento de uma sociedade mais livre e responsável, mais capaz e ambiciosa. Ora, sem dúvida alguma, isso passa pelos nossos jovens que, por definição, são o nosso futuro. No entanto, para que seja possível essa conquista, é imprescindível garantir o ambiente e as condições necessárias, assim como estabelecer os devidos padrões de comportamento, de trabalho e exigência.
Todos sabemos que sem conhecer e compreender o passado, ou sem trabalhar com dedicação e sensibilidade o presente, não há futuro bem sucedido. Na preparação do futuro toma lugar de primeira linha a Educação formal, tema a que voltaremos brevemente. Mas a Educação das pessoas, dos jovens, a sua preparação para enfrentar os desafios da vida, não se fica apenas pelo sistema educativo – é muito mais e está relacionado também com o exemplo que lhes transmitimos. Neste sentido, creio que terá especial relevo o respeito pela nossa História e pelo nosso património, forma única de saber quem somos.
Este fim-de-semana prolongado tive a oportunidade de visitar alguns lugares dessa memória colectiva, monumentos nacionais de grandiosa beleza, que estão transformados em museus: o Palácio da Pena (Sintra) e o Palácio Nacional de Mafra. Pude ainda visitar o Museu do Oriente, da Fundação com o mesmo nome.
Os museus têm um papel extremamente decisivo na preservação de referências fortes da nossa identidade e na sua promoção, quer junto de nacionais, quer junto de visitantes de outras paragens, sendo também elemento crucial para a promoção turística do país, com forte impacto nas nossas receitas. O património histórico tem igualmente, é claro, uma função educativa de grande valor, complementar aos livros, manuais e professores. Os museus, seja em que área for, são imprescindíveis lugares de contacto com a realidade, com o conhecimento, e assim com a capacidade de sonhar, de ambicionar.
A simbologia e a “utilidade” que tem o património nacional obriga-nos a mantê-lo em boas condições de conservação e a exibi-lo com dignidade – é um sinal de inteligência e um imperativo moral. Há países europeus que o fazem com grande qualidade, bastando ver o caso da Inglaterra, da Espanha, da França, da Itália. Infelizmente, com excepções, não me parece ser o caso de Portugal.
Em contraste com o Museu do Oriente, onde o serviço é de grande qualidade, em todos os pormenores, nos Palácios Nacionais pude mais uma vez confirmar, com enorme preocupação, uma degradação do património e um serviço muito abaixo do desejável. É chocante este desprezo pelo que é nosso. Ainda que involuntário, é inadmissível.
Verifica-se em muitos casos uma grave degradação do património, por falta de conservação e restauro, e nalguns casos, como o de Mafra, um restauro deficiente. Mas é também fraca a qualidade do serviço prestado, especialmente no que concerne à informação disponibilizada nos locais, à “legendagem” dos espaços, das peças e do seu contexto histórico. Em grande parte dos casos as coisas limitam-se a estar ali, abandonadas a uma espécie de vazio histórico, cultural, humano, sem vida. Deve somar-se a este infortúnio a falta de edições de qualidade (livros, postais, outros elementos), actuais, relativas aos elementos em causa, que os promovam condignamente, e que sejam apetecíveis, tornando-se fonte de receita adicional.
A acreditar que só não se faz melhor por falta de verbas, a incapacidade de gerar receitas próprias está, assim, intimamente relacionada com a degradação. Tudo isto fruto de uma política cultural altamente centralista, que inibe a iniciativa dos responsáveis mais directos pelo património, como os directores de museus, e os desresponsabiliza da busca de soluções criativas e da apresentação de resultados.
Depois de um sábado intenso de visita a Sintra, em que a beleza natural e das obras dos nossos antepassados compensou largamente alguns dos aspectos referidos, ainda tentei fazer uma visita ao Museu Nacional do Traje, mas sem sucesso. Cheguei perto das 18h, tendo ficado a saber que só se podia entrar até às 17h30. Este é outro problema grave, o dos horários tantas vezes inadequados, por não servirem quem devem servir, os potenciais visitantes, desde os turistas aos portugueses que trabalham e estudam. Será ele também explicado pelo centralismo improdutivo do Estado? Por que razão não podem, por exemplo os museus, estar abertos num período pós-laboral ou mesmo nocturno?
É urgente e decisivo descentralizar a gestão destes recursos, dando-lhes mais autonomia, flexibilidade e capacidade de gerar criatividade e receitas próprias, responsabilizando-se quem directamente os superintende, exigindo-se outro serviço público.
Há grandes motivos de esperança no nosso futuro e dos nossos jovens. Saibamos transmitir-lhes um outro testemunho.
A construção de um país mais desenvolvido e equilibrado, mais rico e solidário, passa certamente pelo fomento de uma sociedade mais livre e responsável, mais capaz e ambiciosa. Ora, sem dúvida alguma, isso passa pelos nossos jovens que, por definição, são o nosso futuro. No entanto, para que seja possível essa conquista, é imprescindível garantir o ambiente e as condições necessárias, assim como estabelecer os devidos padrões de comportamento, de trabalho e exigência.
Todos sabemos que sem conhecer e compreender o passado, ou sem trabalhar com dedicação e sensibilidade o presente, não há futuro bem sucedido. Na preparação do futuro toma lugar de primeira linha a Educação formal, tema a que voltaremos brevemente. Mas a Educação das pessoas, dos jovens, a sua preparação para enfrentar os desafios da vida, não se fica apenas pelo sistema educativo – é muito mais e está relacionado também com o exemplo que lhes transmitimos. Neste sentido, creio que terá especial relevo o respeito pela nossa História e pelo nosso património, forma única de saber quem somos.
Este fim-de-semana prolongado tive a oportunidade de visitar alguns lugares dessa memória colectiva, monumentos nacionais de grandiosa beleza, que estão transformados em museus: o Palácio da Pena (Sintra) e o Palácio Nacional de Mafra. Pude ainda visitar o Museu do Oriente, da Fundação com o mesmo nome.
Os museus têm um papel extremamente decisivo na preservação de referências fortes da nossa identidade e na sua promoção, quer junto de nacionais, quer junto de visitantes de outras paragens, sendo também elemento crucial para a promoção turística do país, com forte impacto nas nossas receitas. O património histórico tem igualmente, é claro, uma função educativa de grande valor, complementar aos livros, manuais e professores. Os museus, seja em que área for, são imprescindíveis lugares de contacto com a realidade, com o conhecimento, e assim com a capacidade de sonhar, de ambicionar.
A simbologia e a “utilidade” que tem o património nacional obriga-nos a mantê-lo em boas condições de conservação e a exibi-lo com dignidade – é um sinal de inteligência e um imperativo moral. Há países europeus que o fazem com grande qualidade, bastando ver o caso da Inglaterra, da Espanha, da França, da Itália. Infelizmente, com excepções, não me parece ser o caso de Portugal.
Em contraste com o Museu do Oriente, onde o serviço é de grande qualidade, em todos os pormenores, nos Palácios Nacionais pude mais uma vez confirmar, com enorme preocupação, uma degradação do património e um serviço muito abaixo do desejável. É chocante este desprezo pelo que é nosso. Ainda que involuntário, é inadmissível.
Verifica-se em muitos casos uma grave degradação do património, por falta de conservação e restauro, e nalguns casos, como o de Mafra, um restauro deficiente. Mas é também fraca a qualidade do serviço prestado, especialmente no que concerne à informação disponibilizada nos locais, à “legendagem” dos espaços, das peças e do seu contexto histórico. Em grande parte dos casos as coisas limitam-se a estar ali, abandonadas a uma espécie de vazio histórico, cultural, humano, sem vida. Deve somar-se a este infortúnio a falta de edições de qualidade (livros, postais, outros elementos), actuais, relativas aos elementos em causa, que os promovam condignamente, e que sejam apetecíveis, tornando-se fonte de receita adicional.
A acreditar que só não se faz melhor por falta de verbas, a incapacidade de gerar receitas próprias está, assim, intimamente relacionada com a degradação. Tudo isto fruto de uma política cultural altamente centralista, que inibe a iniciativa dos responsáveis mais directos pelo património, como os directores de museus, e os desresponsabiliza da busca de soluções criativas e da apresentação de resultados.
Depois de um sábado intenso de visita a Sintra, em que a beleza natural e das obras dos nossos antepassados compensou largamente alguns dos aspectos referidos, ainda tentei fazer uma visita ao Museu Nacional do Traje, mas sem sucesso. Cheguei perto das 18h, tendo ficado a saber que só se podia entrar até às 17h30. Este é outro problema grave, o dos horários tantas vezes inadequados, por não servirem quem devem servir, os potenciais visitantes, desde os turistas aos portugueses que trabalham e estudam. Será ele também explicado pelo centralismo improdutivo do Estado? Por que razão não podem, por exemplo os museus, estar abertos num período pós-laboral ou mesmo nocturno?
É urgente e decisivo descentralizar a gestão destes recursos, dando-lhes mais autonomia, flexibilidade e capacidade de gerar criatividade e receitas próprias, responsabilizando-se quem directamente os superintende, exigindo-se outro serviço público.
Há grandes motivos de esperança no nosso futuro e dos nossos jovens. Saibamos transmitir-lhes um outro testemunho.
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