sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Ser melhor - Um objectivo para Londres 2012

“Ser melhor” constitui o grande objectivo escolhido pelo MEP para Portugal e que consta do programa provisório que em princípio irá ser submetido a aprovação no 1.º Congresso do Partido, na Ericeira, nos próximos dias 4 e 5 de Outubro.

Portugal para ser melhor precisa de motivação, ambição e persistência.

Ao longo da nossa História já demonstrámos ser capazes de superar desafios que à partida pareciam invencíveis. O nosso problema é o dia-a-dia. Não programamos com a antecedência devida as acções que nos propomos realizar, somos pouco rigorosos na sua execução e não temos uma verdadeira cultura de avaliação e responsabilidade. Isto acontece não só no sector privado, mas também com maior frequência no sector público.

Nestes Jogos Olímpicos, todos nós pensámos que Portugal iria alcançar mais medalhas, iludidos pelos bons resultados que o futebol português tem alcançado no últimos tempos. Deixámos que nos entusiasmassem mais que o habitual.

Mas, em boa verdade, Portugal nunca teve uma política de desporto, pelo que “ser melhor” em Pequim 2008 era para nós à partida mais difícil.

Vanessa Fernandes (prata, 2008) e Nelson Évora (ouro, 2008) são, como foram, entre outros, Rosa Mota (bronze, 1984; ouro, 1988), Carlos Lopes (prata, 1976; ouro, 1984), Fernanda Ribeiro (bronze, 2000), Nuno Delgado (bronze, 2000), Rui Silva (bronze, 2004), Francis Obikwelu (medalha de prata, 2004), Sérgio Paulinho (medalha de prata, 2004), casos raros de um exemplo para todos nós de ambição, persistência e vontade de “ser melhor”.

Sem condições e incentivos serão cada vez menos os portugueses a quererem ser melhores. Pelo contrário, quanto mais portugueses praticarem desporto, maior será a probabilidade de termos mais atletas na alta competição e, por conseguinte, de sermos melhores. Portugal precisa por isso de investir muito mais no desporto em geral, nas escolas, nos clubes, nos bairros, nos parques, nas praias, no trabalho, no desporto amador e no desporto de competição.

O investimento no desporto criaria emprego, melhoraria a saúde e bem-estar geral, diminuiria a ociosidade, fomentaria a coesão social e aumentaria a confiança e a auto-estima dos portugueses.

Noutros países, as escolas e as universidades têm um papel crucial no desenvolvimento do desporto. Existe uma preocupação em conciliar o desporto de alta competição e a actividade escolar. As infra-estruturas desportivas dos estabelecimentos de ensino são melhores que muitos dos nossos clubes ou associações e os alunos podem escolher entre as mais diversas modalidades.

Por cá, o máximo que se tem conseguido, é o transporte dos alunos de algumas instituições de ensino privado para clubes desportivos após o horário escolar, mediante o pagamento do respectivo acréscimo de mensalidade.

Preocupo-me seriamente quando oiço um dos nossos melhores velejadores, de 31 anos de idade, que há treze anos se dedica a representar Portugal, e que arrecadou ao longo da sua carreira diversos títulos europeus e mundiais, referir publicamente que para preparar os Jogos Olímpicos de Pequim a tempo inteiro dispôs unicamente de uma bolsa de 1.250,00 euros mensais, que corresponde aproximadamente ao vencimento de um técnico superior de 2.ª classe, em inicio de carreira na função pública! O Clube que representa tem-se limitado a enviar-lhe sms sempre que obtém uma boa classificação ...


Precisamos, por isso, urgentemente de uma política diferente, que cuide seriamente do desporto em Portugal.

É necessário, por exemplo, dotar as nossas escolas e universidades de equipamentos desportivos e treinadores qualificados, conciliar os horários escolares, organizar e garantir transporte para os clubes desportivos, estabelecer parcerias entre o Estado e os clubes desportivos, dar mais apoio financeiro e logístico aos nossos atletas olímpicos, conceder benefícios e isenções fiscais, organizar mais competições e eventos desportivos, incentivar a participação das empresas privadas e rever o estatuto do estudante desportista.

“Ser melhor” no desporto em Londres 2012 deveria mobilizar Portugal.

Fonte da imagem: http://www.vanessafernandes.net/paginas/home.asp

2 comentários:

Carlos Albuquerque disse...

Um dos aspectos a melhorar é a liderança. Não percebo que sentido faz que os dirigentes façam avaliações públicas e mudem de opinião com atletas a competir e ao mesmo tempo punam publicamente um atleta apenas com base em declarações infelizes (uma piada falhada) mas que não parecem corresponder a uma atitude de fundo censurável.

Marco Fortes não parecia habituado a ponderar o impacto das suas palavras aos jornalistas. Mas quantos políticos profissionais cometem gaffes deste género diariamente? E será que havia uma assessoria de imprensa da equipa olímpica?

Creio que certas declarações e atitudes são sintoma de algo mais profundo na equipa e não compreendo que sejam os mais frágeis a suportarem sozinhos as responsabilidades.

Sebastião Sousa Pinto disse...

Estou totalmente de acordo ...