segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O Utente – Serviço Nacional de Saúde I


Para que não fique a ideia de que esta rubrica do Utente visa unicamente criticar práticas instituídas nos mais diversos serviços com os quais me vou cruzando, hoje escreverei sobre uma excelente prática que presenciei das portas para dentro.

Fui pai pela primeira vez em Julho de 2005. Passámos nessa ocasião pelo momento mais responsabilizador das nossas vidas – sair da maternidade e trazer o nosso filho para sua casa.

Como é prática habitual nestas circunstâncias, inúmeras recomendações foram-nos dadas, entre elas, a necessidade de nos próximos dias realizarmos o “teste do pezinho” junto do Centro de Saúde da área da residência.

Chegada a hora, ligámos para o Centro de Saúde de Mafra para agendar este procedimento. Qual não foi o nosso espanto quando nos disseram que estavam dispostos a deslocar-se a nossa casa. Quais pais protectores das humidades e do vento, acedemos de imediato a essa possibilidade.

Assim, no dia certo à hora marcada, duas técnicas (creio que uma enfermeira e uma assistente social) vieram a nossa casa para fazer o teste do pezinho ao nosso filho. Na verdade, vieram fazer muito mais que isso, e é esse procedimento que gostaria de realçar.

Enquanto a enfermeira fazia o teste, a assistente social, de uma forma muito educada e subtil ia, por um lado, observando as condições reais de acolhimento doméstico existentes para o recém-nascido e, por outro, colocando questões sobre os próximos passos a levar a cabo com a parturiente (acompanhamento pós-parto) e o nosso filho (cuidados de higiene, plano de vacinações, pediatra, etc.). No final, foram-nos dadas recomendações muito precisas sobre o acompanhamento que o Centro de Saúde gostaria de dar ao nosso filho, não apenas no que toca ao plano de vacinações, mas também às apresentações periódicas (inicialmente mensais) no Centro.

Tendo experimentado esta prática na primeira pessoa, reforço o quanto me parece importante podermos, através de processos pouco intrusivos, despistar precocemente potenciais situações de negligência ou risco para os nossos recém-nascidos, e recomendo que a mesma, caso não o seja já hoje, com os devidos e necessários ajustes legais, metodológicos e processuais, seja replicada ao nível nacional.

Como o MEP defende: procedimentos simples podem ser saltos qualitativos extraordinários.

Hugo Martinez de Seabra

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