Sempre me causou muita confusão, no âmbito duma conversa sobre uma qualquer desventura nacional, ou incidente local ouvir dizer: "Isto só acontece neste país!".
Confesso que é uma frase que me tira do sério.
Tenho a sorte, por ter um avô francês, de desde pequeno conhecer a realidade doutros países, e com isso conhecer melhor o contexto onde nos inserimos como país.
Quantos disparates ou parvoíces já se fizeram em França, ou na Alemanha? Mais facilmente, nos Estados Unidos da América?
Será uma prova de egocentrismo nacional pensar mal do pedaço de chão que chamamos país? Seremos só nós assim tão pequenos ao olhar dos outros que nos rodeiam?
Estando eu por terras do meu avô, ao comprar algo numa feira há duas semanas, o vendedor dizia com um ar resignado e de lamento:
"Sabe como é, isto é a França, é a França!".
O que é exactamente igual ao que eu ouviria aqui em Portugal, ou seja:
"Sabe como é, isto não sai da cepa torta!".
Não é com a desgraça alheia (e bastaria pensar no Berlusconi em Itália, ou as dificuldades governativas da Bélgica) que devemos ficar alegres.
Devemos saber que os factos e erros que tanto nos desgostam não são geneticamente nossos, os outros países também os têm. Não nos devemos encher de culpa por eles, devemos assumi-los, aprender com eles, e seguir em frente e não apenas ficar parados.
Temos dificuldades, é um facto. Os outros países também as têm.
Agora, o que na minha opinião é mais importante é pensarmos que as mudanças também passam por cada um de nós (e aqui já começa a doer a cada um), e perceber que é nas alturas difíceis que se vê a fibra das pessoas, e o que queremos ser:
Um povo que lamenta? Ou um povo que vai à luta?
O país já avançou muito desde o tempo da vida apenas de sardinha e broa, e nunca será suficientemente bom para ficarmos parados, por isso arregacemos as mangas e avancemos olhando para o futuro com esperança e valores.
1 comentário:
> O país já avançou muito desde o tempo da vida apenas de sardinha e broa.
Inteiramente de acordo com 90% do que diz. Mas quanto à evolução nacional, lenta, quase parada onde por soberba, medo e despotismo, os melhores deste país são obrigados a emigrar, caso não se submetam às regras do poder.
Exemplos de evoluções económicas e sociais, em muito menos anos do que a idade da nossa democracia, são muitos e estou convencida que serão mais, agora vindos de Leste.
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