Uma sociedade onde impere o relativismo moral presta-se a muitas confusões, ambiguidades e fragilidades. A defesa de valores diferentes não os anula, nem anula a necessidade da procura da verdade – ainda que nunca fechada e definitiva –, no estabelecimento de um quadro de valores comuns, que nos enquadrem na vida, na relação com os outros.
A relatividade moral não foi seguramente o caminho das nossas importantes conquistas civilizacionais, que nos trouxeram um maior sentido da liberdade efectiva de cada pessoa, exercida com responsabilidade, com cuidado pelo outro. Na plenitude da liberdade ganha um especial relevo saber-se respeitar a diferença e proteger os menos fortes.
No que concerne ao respeito pelos menos fortes podemos certamente fazer bem melhor. É seguramente o que se passa em relação aos mais idosos que, de forma geral, não são bem tratados entre nós, sobretudo os que se encontram em situação de maior fragilidade, física e psicológica, e com parcos meios financeiros, numa situação de fragilidade agravada.
São inúmeros os casos de violação dos seus direitos, da sua integridade, o que vai desde o abandono à violência física e psicológica. O mais assustador é que, frequentemente, são os próprios filhos ou familiares os principais agressores. Seguramente que todos já presenciámos momentos de profunda tristeza, que nos envergonham como seres humanos, com os próprios filhos a maltratar os pais idosos, indefesos perante a força da juventude, mas sobretudo da estupidez.
É o próprio Estado vampiresco, que, tendo-lhes sugado grande parte do seu suor, não tem sabido orientar os esforços de solidariedade para onde eles mais são precisos, e é agora incapaz de assegurar aos mais desprotegidos o mínimo de dignidade. Basta olhar para as miseráveis reformas que têm de receber como se fossem mendigos à porta do orçamento, enquanto à mesa, sob os mais variados pretextos de desenvolvimento e solidariedade, se esbanjam os nossos recursos com gente que não precisa.
Mas são também algumas instituições que, feitas por pessoas, traduzem uma tendência social de preocupante desrespeito pelos velhos.
É todo um conjunto de situações do dia-a-dia, de desconsideração no ambiente familiar, nas ruas, nas repartições, nos autocarros, que nos deviam envergonhar. Os mais velhos são tratados como inúteis, um peso descartável, ou ainda como moralistas conservadores que têm a mania de nos lembrar princípios, valores, coisas antigas e desnecessárias num tempo em que cada um quer apenas correr para o prazer imediato, para o sucesso fácil, para a pobre liberdade materialista, sem olhar a “impecilhos”. Interessa fazer o que der na gana, sem olhar a entraves incómodos para o “eu totalitário”.
Mais preocupante ainda é o facto de perceber-se que a educação que temos proporcionado às nossas crianças não tem, em regra, promovido pessoas livres e responsáveis, com uma noção clara dos seus direitos, mas sobretudo dos seus deveres.
Precisamos de construir uma sociedade diferente, onde se preserve um lugar de dignidade para os nossos velhos, defendidos do abandono e da agressão.
Mais do que isso, é urgente que os passemos a considerar e a ter como pessoas válidas, imprescindíveis para o desenvolvimento de um futuro melhor.
Um país que não cuida dos seus velhos, mantendo-os activos e úteis na medida das suas capacidades, usufruindo da sua sabedoria, é um país doente e condenado.
A relatividade moral não foi seguramente o caminho das nossas importantes conquistas civilizacionais, que nos trouxeram um maior sentido da liberdade efectiva de cada pessoa, exercida com responsabilidade, com cuidado pelo outro. Na plenitude da liberdade ganha um especial relevo saber-se respeitar a diferença e proteger os menos fortes.
No que concerne ao respeito pelos menos fortes podemos certamente fazer bem melhor. É seguramente o que se passa em relação aos mais idosos que, de forma geral, não são bem tratados entre nós, sobretudo os que se encontram em situação de maior fragilidade, física e psicológica, e com parcos meios financeiros, numa situação de fragilidade agravada.
São inúmeros os casos de violação dos seus direitos, da sua integridade, o que vai desde o abandono à violência física e psicológica. O mais assustador é que, frequentemente, são os próprios filhos ou familiares os principais agressores. Seguramente que todos já presenciámos momentos de profunda tristeza, que nos envergonham como seres humanos, com os próprios filhos a maltratar os pais idosos, indefesos perante a força da juventude, mas sobretudo da estupidez.
É o próprio Estado vampiresco, que, tendo-lhes sugado grande parte do seu suor, não tem sabido orientar os esforços de solidariedade para onde eles mais são precisos, e é agora incapaz de assegurar aos mais desprotegidos o mínimo de dignidade. Basta olhar para as miseráveis reformas que têm de receber como se fossem mendigos à porta do orçamento, enquanto à mesa, sob os mais variados pretextos de desenvolvimento e solidariedade, se esbanjam os nossos recursos com gente que não precisa.
Mas são também algumas instituições que, feitas por pessoas, traduzem uma tendência social de preocupante desrespeito pelos velhos.
É todo um conjunto de situações do dia-a-dia, de desconsideração no ambiente familiar, nas ruas, nas repartições, nos autocarros, que nos deviam envergonhar. Os mais velhos são tratados como inúteis, um peso descartável, ou ainda como moralistas conservadores que têm a mania de nos lembrar princípios, valores, coisas antigas e desnecessárias num tempo em que cada um quer apenas correr para o prazer imediato, para o sucesso fácil, para a pobre liberdade materialista, sem olhar a “impecilhos”. Interessa fazer o que der na gana, sem olhar a entraves incómodos para o “eu totalitário”.
Mais preocupante ainda é o facto de perceber-se que a educação que temos proporcionado às nossas crianças não tem, em regra, promovido pessoas livres e responsáveis, com uma noção clara dos seus direitos, mas sobretudo dos seus deveres.
Precisamos de construir uma sociedade diferente, onde se preserve um lugar de dignidade para os nossos velhos, defendidos do abandono e da agressão.
Mais do que isso, é urgente que os passemos a considerar e a ter como pessoas válidas, imprescindíveis para o desenvolvimento de um futuro melhor.
Um país que não cuida dos seus velhos, mantendo-os activos e úteis na medida das suas capacidades, usufruindo da sua sabedoria, é um país doente e condenado.
Ângelo Ferreira
publicado no jornal Diário de Aveiro de 2 de Setembro de 2008
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