Os Jogos Olímpicos da Era Moderna tiveram o seu início no final do século XIX, numa feliz iniciativa do aristocrata francês Pierre de Coubertain, sob o lema “Citius, altius, fortius” (mais rápido, mais alto, mais forte). Pelo menos durante os Jogos, o desporto tornou-se o símbolo mais nobre do elevado potencial humano de concretização, aliando esforço individual e colectivo, esforço físico e intelectual, força, técnica e estética.
Mas o seu lema, talvez com inspiração nos da Antiguidade, consagra igualmente a competição saudável entre nações, festejando a paz e a amizade entre os povos.
Por muito que se tenha dito em contrário, nomeadamente por aqueles que se lhes opunham por serem na China, com o argumento de que este país não respeita os direitos humanos, também os Jogos de Pequim foram esse momento de excepcional valor. Compreendendo o teor das críticas realizadas, prefiro a ideia de eles terem sido uma oportunidade de encontro entre povos, e com o povo chinês, e o lançar à terra de mais uma semente de liberdade e humanidade que crescerá.
O empenho que a China colocou na sua organização, que foi excelente, parece deixar antever, para lá da sua afirmação como potência global, uma mensagem de abertura, ainda que lenta e devidamente controlada pelas autoridades chinesas. Poder-se-á dizer que é apenas uma fresta, mas, como sabemos, por vezes é o suficiente para que a brisa da liberdade trilhe o seu caminho.
Da participação portuguesa há a enaltecer o esforço daqueles que deram tudo o que tinham, dentro do espírito enunciado, para representar condignamente Portugal – e não temos razões para acreditar que nem todos o fizeram. Sobressai, sem dúvida, a felicidade que nos deram a Vanessa Fernandes, com a sua medalha de prata no Triatlo, e Nelson Évora, com o ouro no Triplo Salto. Deve ainda sublinhar-se, reafirmando a importância de acolher bem “imigrantes”, o orgulho que nos dão alguns portugueses que, não tendo nascido cá, nem sendo descendentes lusos, envergam com igual ou maior empenho e dignidade as cores de Portugal.
Houve, no entanto, algumas falhas graves, que não deram a melhor imagem da nossa participação olímpica. Não terá havido a gestão correcta das expectativas criadas, prometendo-se medalhas de forma excessiva e, por isso, irresponsável. Também não se verificou o devido cuidado com a comunicação, quer por parte dos responsáveis da comitiva, quer por parte dos atletas, que foram deixando crescer um insuportável clima de falhanço e frustração.
Oscilámos, em virtude da nossa mentalidade e das declarações proferidas, entre o habitual dramatismo do insucesso total e a euforia da “melhor prestação de sempre”, que, diga-se em abono da verdade, mais não representa que uma medíocre ambição e o passar de uma esponja por cima da responsabilidade pelos erros cometidos.
Podemos desejar melhor? Podemos e devemos, desde que saibamos assumir e aprender com os erros cometidos, sem dramatismos ou euforias desmedidas, encarando a competição como algo de saudável, que nos impulsiona para darmos o melhor de nós, mas sabendo também acolher quem não alcança o pódio, num espírito fraterno e solidário, num estímulo para melhores dias.
Pede-se aos atletas, e a todos nós, que seja possível viver, com perseverança, um pouco mais de acordo com o espírito dos Jogos: citius, altius, fortius. E que o lema perdure até Londres, durante os próximos quatro anos.
Mas o seu lema, talvez com inspiração nos da Antiguidade, consagra igualmente a competição saudável entre nações, festejando a paz e a amizade entre os povos.
Por muito que se tenha dito em contrário, nomeadamente por aqueles que se lhes opunham por serem na China, com o argumento de que este país não respeita os direitos humanos, também os Jogos de Pequim foram esse momento de excepcional valor. Compreendendo o teor das críticas realizadas, prefiro a ideia de eles terem sido uma oportunidade de encontro entre povos, e com o povo chinês, e o lançar à terra de mais uma semente de liberdade e humanidade que crescerá.
O empenho que a China colocou na sua organização, que foi excelente, parece deixar antever, para lá da sua afirmação como potência global, uma mensagem de abertura, ainda que lenta e devidamente controlada pelas autoridades chinesas. Poder-se-á dizer que é apenas uma fresta, mas, como sabemos, por vezes é o suficiente para que a brisa da liberdade trilhe o seu caminho.
Da participação portuguesa há a enaltecer o esforço daqueles que deram tudo o que tinham, dentro do espírito enunciado, para representar condignamente Portugal – e não temos razões para acreditar que nem todos o fizeram. Sobressai, sem dúvida, a felicidade que nos deram a Vanessa Fernandes, com a sua medalha de prata no Triatlo, e Nelson Évora, com o ouro no Triplo Salto. Deve ainda sublinhar-se, reafirmando a importância de acolher bem “imigrantes”, o orgulho que nos dão alguns portugueses que, não tendo nascido cá, nem sendo descendentes lusos, envergam com igual ou maior empenho e dignidade as cores de Portugal.
Houve, no entanto, algumas falhas graves, que não deram a melhor imagem da nossa participação olímpica. Não terá havido a gestão correcta das expectativas criadas, prometendo-se medalhas de forma excessiva e, por isso, irresponsável. Também não se verificou o devido cuidado com a comunicação, quer por parte dos responsáveis da comitiva, quer por parte dos atletas, que foram deixando crescer um insuportável clima de falhanço e frustração.
Oscilámos, em virtude da nossa mentalidade e das declarações proferidas, entre o habitual dramatismo do insucesso total e a euforia da “melhor prestação de sempre”, que, diga-se em abono da verdade, mais não representa que uma medíocre ambição e o passar de uma esponja por cima da responsabilidade pelos erros cometidos.
Podemos desejar melhor? Podemos e devemos, desde que saibamos assumir e aprender com os erros cometidos, sem dramatismos ou euforias desmedidas, encarando a competição como algo de saudável, que nos impulsiona para darmos o melhor de nós, mas sabendo também acolher quem não alcança o pódio, num espírito fraterno e solidário, num estímulo para melhores dias.
Pede-se aos atletas, e a todos nós, que seja possível viver, com perseverança, um pouco mais de acordo com o espírito dos Jogos: citius, altius, fortius. E que o lema perdure até Londres, durante os próximos quatro anos.
Nota: escusado será dizer que concordo em absoluto com o que se disse nas mensagens anteriores sobre o facto de devermos considerar de outra forma os atletas, mesmo os que não conseguiram medalhas - e foi excelente ideia a do Ranking MEP. Este meu texto não vem acrescentar nada ao que aqui já foi dito. Publico-o apenas porque o tenho feito para todos os textos editados no Diário de Aveiro relacionados com temas gerais.
Ângelo Ferreira
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