terça-feira, 30 de setembro de 2008

Defender a natureza

Defender a natureza deve ser um imperativo de todos, especialmente daqueles que, tendo acesso à riqueza, a uma vida cheia de bens materiais, mais lixo geram. Não se trata de "moralismo ecológico". Não se trata de extremismos. Com gestos simples, com um cuidado redobrado, evitaremos roubar aos nossos filhos e netos a beleza das paisagens que podemos saborear ou, pelo menos, saber que existem, preservadas, belas, sãs. Todos sabemos o quanto é difícil mudar hábitos, mas tentemos, façamos um esforço.
Aquilo que está a acontecer deve deixar-nos preocupados. Veja esta notícia sobre a maior lixeira do mundo, no mar.
Independentemente dos sinais, vejamos se não será sempre melhor opção poupar a natureza a certos lixos. Claro que concordaremos que sim. Um pequeno exemplo: quando vamos ao supermercado não podemos levar uma mochila para trazer as compras em vez de sairmos de lá carregados de sacos plásticos? Para onde irão esses milhões de sacos dispensados todos os dias? Quanto tempo levarão a dregadar-se? Quantos correrão ao vento por essas ruas, matas, rios, mar? Quantos seres indefesos eles prejudicarão?

5 comentários:

Carlos Albuquerque disse...

A questão dos sacos de plástico é mais complexa do que parece.

Por um lado cá em casa quando vamos ao supermercado trazemos em média um carrinho de compras cheio (às vezes dois), o que implica bastantes sacos.

Por outro lado esses sacos são depois reusados para o lixo. Se os supermercados deixarem de os dar sempre precisaremos de os comprar. Nós teremos menos dinheiro disponível e algumas empresas ficarão mais ricas, mas não creio que o ambiente ganhe muito com isso.

Ângelo Ferreira disse...

não bastarão alguns dos sacos que trazemos das compras? alguns apenas? eu falo do exagero, não de pessoas equilibradas, naturalmente, como o caro amigo.
conheço muitas pessoas que usam os sacos de plásticos para o lixo, e isso é acertado se não houver outra solução. se no lixo não se colocar tudo e mais alguma coisa, se se separar plástico, cartão, vidro, metal, então serão precisos menos sacos. se usar sacos de lixo maiores, poderá poupar em termos proporcionais. se tiver de os pagar, certamente que gastará com mais parcimónia.
o que acontece nas caixas dos supermercados, embora os funcionários comecem eles próprios a disponbilizar menos sacos, é que as pessoas às vezes levam um saco para um pequeno objecto, levando dezenas de sacos, um exagero. sacos que nunca usarão para lixo, mas que serão lixo.
sobre o problema de algumas empresas ficarem mais ricas, isso não tem que ver com este pequeno texto.

Carlos Albuquerque disse...

Não creio que seja uma abordagem adequada definir que um determinado produto causa problemas ao ambiente e começar a criar taxas para obrigar a maioria das pessoas a procurar uma alternativa.

Este caso dos sacos de plástico é exemplar nesse aspecto.

Em primeiro lugar os plásticos são apenas um dos aspectos da poluição e os sacos de supermercado são uma fracção ínfima de todos os plásticos que usamos e que acabam a poluir o ambiente.

Em segundo lugar há que ponderar os custos para os cidadãos com os benefícios para o ambiente. Senão acabamos por tornar insuportável a vida da maioria dos cidadãos (que não são ricos) ao obrigá-los a pagar taxas por tudo e mais alguma coisa.

Taxar apenas os sacos de supermercados para forçar as pessoas a procurar alternativas poderia mesmo conduzir a situações caricatas, como ser mais barato comprar sacos de lixo para trazer as compras para casa. Taxar todos os plásticos ao mesmo nível poderia arrasar a economia.

O custo e incómodo para as famílias gerados por uma taxação dos sacos de supermercado parece-me desproporcionado para o reduzido efeito que a medida teria nos plásticos abandonados no meio ambiente.

Acho que é quem propõe uma medida deste género (novas taxas) que deve ter o ónus de provar que a medida tem um impacto positivo que compensa os custos, incluindo a comparação com os custos e benefícios de outras medidas em outras áreas.

Ângelo Ferreira disse...

Caro Carlos,

concordo em absoluto consigo. Creio que me compreendeu mal, ou melhor, eu expressei-me mal.
Não sou a favor de taxas ambientais, que se prestam a muitos equívocos, embora aceite que, de alguma forma, seja necessário introduzir um elemento relacionado com o princípio de utilizador/poluidor/pagador: alguém tem de pagar, que seja quem consome e beneficia. Mas confesso que tenho a mesma preocupação que revelou, pelo que quando referi que se se pagar se gasta menos, não estava a fazer uma análise exaustiva do processo, apenas a considerar a hipótese de que talvez o saco plástico deva reflectir esse custo ambiental (no exagero do desperdício; recordo que as compras podem vir noutros materiais, como sacos de papel, de materiais mais facilmente biodegradáveis, aliás já utilizados por alguns supermercados, etc.).
Mas devo rafirmar que eu sou mais a favor de responsabilidade pessoal. Isso é do que falo: mais parcimónia no desperdício, mais e melhor juízo, no fundo. Trata-se apenas de um maior cuidado numa área tão sensível. Não estou numa cruzada contra sacos plásticos e sei que estas coisas se prestam a muitos equívocos.
Estou apenas preocupado com o grau de irresponsabilidade no uso de recursos e no desperdício, sem consciência dos problemas que isso gera para todos nós, para o futuro dos nossos filhos.
O que me parece importante é nos unamos em torno do problema, como sociedade, partilhando conhecimento, soluções, sensibilizando, mais do que adoptando um discurso exteremista, populista, demagógico.
De maneira que entendo o que diz como complementar do que digo e saúdo-o pela nota.

Ângelo Ferreira disse...

Outra nota: sou contra, por exemplo, o falsear do custo rela das coisas, dos bens, das energias, dos recursos. Veja o que acontece com o preço da energia, totalmente falsificado pelo Estado, quando a ERSE defendeu o preço real, e o aumento que o traduzisse. O governo não aceitou, por causa do impacto na vida das pessoas, das empresas. eu diria por causa do voto. A energia está subsidiada até por quem não beneficia dela. Quem ganha com isso? Que desperdícios gera? Veja-se nas nossas casas o desperdício, porque ainda é barata. Veja-se nos organismos públicos, que quem paga é sempre uma entidade abstracta: o Estado. Mas de onde aparece o dinheiro do Estado? E imagine-se o que se pouparia se soubessemos o preço real, se ele pesasse nas nossas costas, nas costas de quem deixa lâmpadas acesas durante o dia, esquecidas acesas depois de fecharmos as portas das salas de aulas, dos laboratórios, dos gabinetes, das salas de reunião, dos corredores. E se custasse o preço real?
É claro uma questão de cultura, mas também de responsabilização. E a mudança estará nas duas coisas, na mudança cultural e na criação de um contexto que responsabilize.
Cumprimentos.