Tive recentemente a oportunidade de ouvir uma daquelas pessoas ímpares, que são verdadeiras no que dizem e que agem de acordo. Além disso, somava ao saber de muito trabalho a sabedoria que só o tempo e uma vida preenchida proporcionam. A pessoa de que falo mostrava-se, naturalmente, muito preocupada com o rumo de Portugal, com as condições de vida dos portugueses, não apenas económicas, mas também noutros planos da nossa vivência.
Tendo vivido a transição da ditadura para a democracia com enorme expectativa quanto ao futuro, sentia-se muito desiludido com o desenrolar dos acontecimentos e atribuía grandes responsabilidades à nossa classe política.
No fundo, aquilo que sublinhava, com maior propriedade e conhecimento, não era mais do que aquilo que a maioria de nós, de alguma forma, sente. Mas há quem nos procure convencer permanentemente de que, nas eleições, temos a oportunidade de influenciar determinantemente o curso dos acontecimentos, escolhendo novos representantes, novos governantes, e que tudo melhorará. Nada disso tem acontecido.
A liberdade que a democracia trouxe resume-se hoje a uma pálida imagem daquilo que foi desejado e prometido, sendo muitas vezes apenas um pântano de formalidades. O desenvolvimento está muito aquém do imaginado, daquilo que era possível ter construído, e as condições económicas da grande maioria das pessoas estão a deteriorar-se gravemente.
Estamos muito melhor do que há trinta anos, é verdade, todos o reconhecemos. Porém, não podemos ficar por tão pobre ambição. Melhor é possível e urgente.
Para a pessoa de que vos falo, a situação política portuguesa havia-se degradado de tal forma que os partidos que temos procuravam o poder pelo poder, tendo perdido a noção de serviço, de missão. Tornaram-se agências de emprego, de distribuição de benesses, de compadrios.
Nessa voragem procuram os meios para se manterem ganhadores de eleições, servindo interesses pessoais e daqueles que lhes servem de suporte para voltar a ganhar – um ciclo vicioso. Essa tendência, essa cegueira gananciosa, fez crescer o Estado tentacular, omnipresente, reduzindo a liberdade e a responsabilidade dos cidadãos, ao mesmo tempo que, de forma inversamente proporcional, aumentou os gastos do orçamento, o esbanjamento da riqueza que produzimos, sem quaisquer vantagens para as pessoas.
A necessidade de novas formas de actuação política, de políticos que servem, em vez de se servirem, é uma urgência. Mas é também premente uma nova mensagem aos portugueses, a de que o país só melhorará se eles tomarem em mãos a responsabilidade individual de promover a mudança.
Precisamos, como de pão para a boca, de menos Estado, de mais liberdade, de mais responsabilidade individual e solidária. É a sustentabilidade do país que está em causa. Aqueles que se apoderaram da democracia, como se fosse sua, teimam em prosseguir um caminho esgotado, bom para eles, mau para a maioria. Embora todos falem em mudança, especialmente em tempo de eleições, não têm ideias e propostas novas, nem serão capazes de actuar com verdadeiro respeito pelos valores apregoados.
Há por aí muitos ditadores vestidos de democratas, que julgam poder actuar como proprietários da liberdade alheia e tudo fazem para a diminuir. Instalados, insaciáveis, têm medo que os descubram e se acabe o banquete.
Como dizia o sabedor homem, está na hora de os desinstalar do poder e devolver às pessoas a capacidade de conduzirem os seus destinos.
Tendo vivido a transição da ditadura para a democracia com enorme expectativa quanto ao futuro, sentia-se muito desiludido com o desenrolar dos acontecimentos e atribuía grandes responsabilidades à nossa classe política.
No fundo, aquilo que sublinhava, com maior propriedade e conhecimento, não era mais do que aquilo que a maioria de nós, de alguma forma, sente. Mas há quem nos procure convencer permanentemente de que, nas eleições, temos a oportunidade de influenciar determinantemente o curso dos acontecimentos, escolhendo novos representantes, novos governantes, e que tudo melhorará. Nada disso tem acontecido.
A liberdade que a democracia trouxe resume-se hoje a uma pálida imagem daquilo que foi desejado e prometido, sendo muitas vezes apenas um pântano de formalidades. O desenvolvimento está muito aquém do imaginado, daquilo que era possível ter construído, e as condições económicas da grande maioria das pessoas estão a deteriorar-se gravemente.
Estamos muito melhor do que há trinta anos, é verdade, todos o reconhecemos. Porém, não podemos ficar por tão pobre ambição. Melhor é possível e urgente.
Para a pessoa de que vos falo, a situação política portuguesa havia-se degradado de tal forma que os partidos que temos procuravam o poder pelo poder, tendo perdido a noção de serviço, de missão. Tornaram-se agências de emprego, de distribuição de benesses, de compadrios.
Nessa voragem procuram os meios para se manterem ganhadores de eleições, servindo interesses pessoais e daqueles que lhes servem de suporte para voltar a ganhar – um ciclo vicioso. Essa tendência, essa cegueira gananciosa, fez crescer o Estado tentacular, omnipresente, reduzindo a liberdade e a responsabilidade dos cidadãos, ao mesmo tempo que, de forma inversamente proporcional, aumentou os gastos do orçamento, o esbanjamento da riqueza que produzimos, sem quaisquer vantagens para as pessoas.
A necessidade de novas formas de actuação política, de políticos que servem, em vez de se servirem, é uma urgência. Mas é também premente uma nova mensagem aos portugueses, a de que o país só melhorará se eles tomarem em mãos a responsabilidade individual de promover a mudança.
Precisamos, como de pão para a boca, de menos Estado, de mais liberdade, de mais responsabilidade individual e solidária. É a sustentabilidade do país que está em causa. Aqueles que se apoderaram da democracia, como se fosse sua, teimam em prosseguir um caminho esgotado, bom para eles, mau para a maioria. Embora todos falem em mudança, especialmente em tempo de eleições, não têm ideias e propostas novas, nem serão capazes de actuar com verdadeiro respeito pelos valores apregoados.
Há por aí muitos ditadores vestidos de democratas, que julgam poder actuar como proprietários da liberdade alheia e tudo fazem para a diminuir. Instalados, insaciáveis, têm medo que os descubram e se acabe o banquete.
Como dizia o sabedor homem, está na hora de os desinstalar do poder e devolver às pessoas a capacidade de conduzirem os seus destinos.
Publicado no Diário de Aveiro de 30 de Setembro de 2008
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