A crise financeira em que vivemos trouxe a público uma série situações pouco claras que variam desde a falta de ética, socialmente reprovável, até à fraude e burla criminalmente condenáveis. Associados a essas situações surgem, no que diz respeito ao nosso país, alguns nomes que nos habituámos a conhecer da política. Sem prejuízo da presunção de inocência dos envolvidos, fico contudo com a convicção que, mais uma vez, a credibilidade da nossa classe política saiu afectada.
Paralelamente, tivemos há pouco, na agenda mediática, a questão das faltas/atrasos dos deputados e uma torrente de afirmações/justificações proferidas pelos nossos representantes eleitos que, na minha opinião, mais uma vez, desacreditaram os políticos perante os olhos dos cidadãos. Não só aqueles que eventualmente tiveram comportamentos censuráveis mas também os outros que pautam a sua actividade política por valores de ética e seriedade e que se vêem desta forma injustamente apreciados na opinião pública.
Poder-se-á argumentar que estes últimos são poucos, que são a excepção e que, na sua maioria, os políticos são indignos da nossa confiança. Mas será mesmo assim? Ou será que a nossa percepção é enviesada pelo facto dos maus exemplos serem mais visíveis, mais falados, mais mediatizados? Penso que é importante por vezes pararmos para reflectir sobre isso. Quantas vezes a imagem de toda uma classe é negativamente afectada pela acção de alguns que, se calhar, até são a minoria mas que por qualquer razão dão mais nas vistas?
Esta má opinião dos cidadãos relativamente aos políticos é altamente penalizadora para aquelas pessoas que pretendem iniciar a sua actividade política activa e, por extensão, também para os novos partidos. Antes de se avaliarem os seus possíveis méritos, já estão «condenados» na praça pública por se afirmarem ao serviço da política. A ironia disto tudo está em que muitas dessas pessoas até decidem dedicar-se à política com o objectivo de ajudar a credibilizar a actividade política, única forma de melhorar os índices de participação cívica e política dos portugueses e de, consequentemente, solidificar a nossa democracia.
Penso que, por isso mesmo, o MEP e os seus militantes (que na generalidade não têm um passado de política partidária) merecem que se respeite a sua coragem de avançar numa conjuntura tão desfavorável. E, no mínimo, o benefício da dúvida.
Nelson Gomes
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
«Ser ou não ser político...»
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1 comentário:
Belo texto, Nelson!
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