A poucos dias do final do ano, em época típica de “balanços”, encontrei este texto de que muito gosto:
“De cada vez que um ano se esgota e que outro aparece, pomos num prato da
balança os 365 dias passados e noutro os 365 dias que nascem e vemos para qual
dos lados pende a balança. Não tenho dúvidas de que, neste acerto de contas, são
muitos os que teimam em ter o passado pesado (…). Para estes, nunca um ano será
novo ou melhor do que o ano passado (…). O futuro é sempre a maior ameaça, a
maior incerteza, a garantia mais certa de que o tempo torna tudo pior (…).
É claro que há os outros também, com pratos que pendem exactamente ao contrário
(…). Os que deixam de olhar para trás no momento exacto em que o novo ano
começa, engolindo promessas e passas como se fossem alicerces dos planos, dos
sonhos e de tudo o que lhe falta ainda fazer, brindando às construções acabadas
muito antes de estarem de pé as estruturas que dão solidez aos projectos.
(…) Mesmo que os anos passem por nós, o passado, o presente e o futuro, que se
organizam assim, cronologicamente, de trás para a frente, supostamente para não
nos perdermos em considerações abstractas, inúteis, fazem os três parte do mesmo
fôlego, do mesmo projecto. Se os entendermos desta maneira, entendemos também
que nunca deixamos para trás algo que não possamos vir a recuperar mais à
frente. E que nunca encontraremos à frente o que não semeámos lá
atrás.” (Inês Barros Baptista, “Dias da Luz”)
2009 não será um ano fácil, isso é certo. Mas será um ano de mudança, e com esta virão certamente coisas boas, que colheremos mais à frente, se as soubermos semear.
Por isso, para que tenhamos esperança fundada em prósperos anos vindouros, desejo a todos, e para já, um 2009 cheio de boa mudança.
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