quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O dilema da semântica

Frases batidas, muitas vezes feitas verbos de encher que perderam fulgor na boca de quem não teve engenho, arte e/ou oportunidade para as erguer.
Nobres expressões que contêm no âmago conceitos fundamentais para a nossa coexistência que se banalizaram e se tornaram inimigas de si próprias.
O que fazer com essas expressões que foram felizes no momento da sua criação mas que cresceram ao abandono e cujo tutano precisa de ser recolocado urgentemente nas mãos de quem diz que faz e quer mesmo fazer?
Podemos ser radicais de duas formas. Recuperá-las como eles nasceram e sempre deveriam ter sido ou guarda-las no íntimo dos valores mas traduzindo-as “apenas” pelos actos que eles patrocinam e que nos salvam?
Haverá meio termo? Como conseguir cativar o leitor para a política sem que o discurso soe ao balofo, exactamente igual ao de quem por aí anda há muito mas pouco mais tem feito do que coleccionar frases feitas?
O que é verdadeiramente lixado é que se estivermos atentos, se conseguirmos ir além da contaminação pela banalização, expressões como humanismo, desenvolvimento humano sustentável ou a tão singela esperança, são de facto parte inevitável do futuro mais feliz que desejamos e não uma marca adicional do descrédito político do presente.
Como pode quem quer ser um actor do futuro, limpar-se da mancha que tantos com desleixo e incúria lançaram sobre quem se arrisca a ser um político dos sete costados?
Com movimento, com esperança, com esforço e uma imensa capacidade de audição. Que portas há por aí ainda a abertas para recomeçarmos o diálogo da esperança e da batalha comum por um país e por um mundo melhor?

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