sábado, 28 de fevereiro de 2009

Sessão no Porto


Está ainda a decorrer, na Fundação Cupertino de Miranda, no Porto, a sessão de apresentação da candidatura de Laurinda Alves. Perante uma assistência de cerca de 300 pessoas, o Professor Daniel Serrão, que abriu a sessão, sintetizou desta forma o seu apoio a esta candidatura: "os portugueses que votarem em Laurinda Alves, e eu serei seguramente um deles, votarão na proximidade".

9 comentários:

Anónimo disse...

Que bela audiencia para escutar as propostas deste projecto que quer dar um rosto humano à Europa!

Parabéns ao excelente trabalho realizado pelos militantes do núcleo do Porto, na mobilização e no simpático acolhimento.

... disse...

Gostei da tarde alternativa ao "mainstream" que nos atirava para o Congresso do PS. Foi muito mais enriquecedor ouvir o Professor Daniel Serrão e a Laurinda Alves.
Sobretudo é diferente e ser diferente do que é a política portuguesa, é bom.
http://aoutravarinhamagica.blogspot.com/

Anónimo disse...

Estive ontem presente na sessão do Porto e, a propósito, gostaria de fazer duas ou três observações. A primeira, pouco lisongeira, tem a ver com uma frase, obviamente não intencional, dita no início e que era, mais ou menos, a seguinte: Fico admirada como no Porto foram capazes de realizar uma reunião com tanto sucessso quando nós em Lisboa não o conseguimos. Existem todas as razões do mundo, excepto as de carácter político, para o país, incluindo Lisboa, ser tão capaz quanto Lisboa/capital. Ter-lhe-ia ficado bem se tivesse suprimido as referências geográficas. A segunda, já lisongeira, tem a ver com o projecto/intenções do MEP para a Europa. Gostei do que ouvi, as intenções são mais do que boas e oxalá as consigam pôr em prática. Por essas intenções, bem hajam. É muito importante a Europa da solidariedade, uma Europa que proteja os que não têm voz nem um lugar ao sol. A terceira tem a ver com uma pergunta que fiz ao Dr. Rui Marques no final da sessão. Fiquei a saber que são claramente favoráveis à adesão da Turquia, embora sob reserva do cumprimento das condições definidas pela UE (cabe aqui tudo!). Do meu ponto de vista é um erro clamoroso e, por isso, nunca poderei dar o meu voto ao MEP nas eleições europeias. É verdade que a Turquia é uma República laica, mas só o é porque os militares a isso obrigam. Como sabem a Turquia é maioritariamente islâmica, ou seja, a grande maioria da sua população acredita no Islão. Ora, contrariamente ao que se passa com o cristianismo ou o judaísmo em que a palavra de Deus não foi directamente revelada, mas sim através dos profetas, apóstolos, etc., o Islão funda-se no Corão que foi directamente ditado por Deus, as suas palavras não podem estar sujeitas a grandes interpretações. Mais, o Corão contém no seu seio toda uma série de regras, de natureza civil, penal, etc., destinadas a regular a vida em sociedade, também elas ditadas por Deus. Não pensem que é por maldade que se cortam mãos aos ladrões ou que era por ser louco que o Ayathola Khomeny (será assim que se escreve?) dizia com quantas pedras uma pessoa se devia limpar! Assim, um crente tem de pôr em prática a palavra de Deus, pois é nisso que acredita, e a palavra de Deus está escrita no Corão que, como já disse, regula todos os aspectos da vida em sociedade. Há pois uma contradição insanável entre a laicidade e o Islão. Os Estados maioritariamente islamicos não podem ser laicos ou, se o são, só pela força das armas. Uma última observação, politicamente mais do que incorrecta, a propósito das políticas de e/imigração. Se os seus filhos e os filhos do seu vizinho tiverem fome, mas fome a sério, aposto que a primeira coisa que fará é alimentar os seus, e não os do seu vizinho

Creia-me, atentamente e com pena de não ter a esperança de em si poder votar,

Francisco Figueiredo

Anónimo disse...

A verdade é que eu conheci uma Europa aterrorizadora para todos, facto sentido por mim com uma angústia extrema, porque eu era muito pequenina e não percebia, nem podia perceber. A guerra não chegou a Portugal. No entanto eu tinha medo das tiras de papel nas janelas e do black-out, porque significava que podiam vir bombas que nos matavam, tinha medo dos campos de concentração de que ouvia falar, e da separação e desmembramento das famílias, tinha medo do "ferro em brasa" que nos marcaria, tinha medo da fome. Sofri pesadelos recorrentes e assustadores. Num país que não estava em guerra. Só por ouvir falar.

Ora a construção da Europa, como ontem foi dito, tem proporcionado uma época de paz que já dura há 50 anos! É quase inimaginável como tal foi possível. E se esse sonho e a sua concretização se estender mais além das fronteiras da Europa? Venha ela, a concretização desse sonho.

Outra coisa é: tenho visto crianças com pouco a partilhar o pouco que têm com outras que não têm nada. É altura de aprender com as crianças.

Bem haja o MEP por tudo o que está a ajudar a construir. Muitos parabéns, e, claro, muitos anos de vida!

Anónimo disse...

A Francisco Figueiredo:

Quanto à referência geográfica de Lisboa, esqueceu-se de uma parte do que foi dito, sendo ela "quando nos não o conseguimos,nós que estamos lá". O que foi dito, nada teve a ver com assimetrias de capacidade entre uma ou outra região, mas foi dito porque o MEP, sendo sediado em Lisboa, tendo uma presença mais forte lá, foi incapaz de obter o sucesso que teve aqui teve. Era apenas um louvor ao trabalho do núcleo do Porto, não uma comparação entre as duas regiões. Espero ter sido capaz de esclarecer o mal-entendido.

Quanto à i/emigração..percebo o seu ponto de vista, mas ainda estamos bem longe desse extremo, não estamos? É um contra-senso estar na União Europeia ao mesmo tempo se quer proteccionismo. Na minha opinião, não há espaço para nacionalismos dentro da União Europeia. Para mim, as nacionalidades são secundárias, porque todos somos seres humanos e apenas juntos poderemos resolver os problemas.

Quanto à Turquia, também percebo o seu ponto de vista, mas acredito que se a Turquia alguma vez entrar na UE, será porque se tornou num país bem diferente.

Sobre o evento:

Superou todas as minhas expectativas!É bom saber que ainda há gente que procura novas alternativas!
Aproveito para agradecer a todas as pessoas que compareceram e tornaram a tarde de ontem em algo que recordarei para sempre!(isto também inclui você, Francisco Figueiredo,hehehe)

Anónimo disse...

Estive presente ontem na Fundação Cupertino de Miranda.
Dizer que gostei é muito pouco. Encheu-me as medidas, muito francamente! Até qu enfim que encontro uma linguagem, um programa, umas intenções que vão totalmente ao encontro daquilo que sinto, que procuro viver, e que penso com toda a minha força! Finalmente! Acho que cada um de nós tem que "passar a palavra" e dizer aos outros que este "espaço" existe. Seremos minoria? Não faz mal, antes pelo contrário, são as minorias que fazem avançar o mundo!

À Laurinda Alves uma imensa gratidão e amizade: tenho a certeza de que vai dar voz a tudo aquilo que penso, vivo e sonho. E por isso adiro completamente à ESPERANÇA que sabe tão bem transmitir, e quero fazer parte dela! Dentro do pouquíssimo que tenhao capacidade para fazer, conte sempre comigo.

Um grande abraço para ela, e a minha total solidariedade para todos os que estiveram comigo presente naquele par de horas extraordinário.

vasco fernandes

Anónimo disse...

Com toda a franqueza gostei da Sessão em que participei ontem no Porto.O Dr.Daniel Serrão esteve brilhante como sempre.À Laurinda Alves os meus parabéns pela maneira expedita e esclarecedora do seu programa como Candidata.Boa sorte Laurinda!Mais uma vez me convenço de que o meu voto nas próximas Eleições será para o MEP. Manuela Almeida.

Anónimo disse...

A João Gonçalves,
Com certeza não reparou que eu escrevi "obviamente não intencional",e a frase dita era passível das duas interpretações. Assim, não houve qualquer mal-entendido. Devo-lhe dizer, o que de resto também já tive oportunidade de dizer ao Dr. Rui Marques, que um dos principais problemas de Portugal reside nas assimetrias entre a capital e todo o Portugal (Lisboa incluída). Vale a pena (re)ler a capital de Eça de Queirós.
Quanto à e/imigração e à UE. Em primeiro lugar,a UE é uma Comunidade de Estados, nada estando ainda decidido quanto ao que virá a ser, embora hajam pistas. Peço-lhe que pense na importância dos movimentos nacionalistas (as tais nações!) na Europa - sei bem que em Portugal não temos esse problema, mas repare no que se passa na Bélgica. Em segundo lugar, quanto à e/imigração - já que no interior da UE é migração, e se calhar acha mal os trabalhadores de Resende que, nas vindimas, vão trabalhar para o Alto-Douro vinhateiro por salários inferiores aos que lá se praticam - devemos receber os que pudermos, sem pormos em causa a nossa própria sobrevivência, e, como condição adicional, aqueles que se adaptem e assumam os nossos valores. Espero bem que tenha razão quanto à distância a que estamos desses extremos.
Quanto à Turquia, concluo, porque nenhuma outra conclusão é possível, que a sua grande esperança é a de que os turcos abandonem o Islão, quiçá tornando-se cristãos ou ateus. Sabe, nem eles nos podem obrigar a mudar de "cultura" nem nós a eles.
Devo ainda dizer-lhe que, relativamente aos dois primeiros pontos, embora discorde, respeito profundamente a sua opinião. Quanto ao terceiro, creio que está mal informado, como de resto a generalidade dos ocidentais.

Creia-me, atentamente e com o maior respeito
Francisco Figueiredo

Anónimo disse...

Tive o meu primeiro contacto com o MEP hoje, através da página da web e deste blog. Apercebo-me que o último parágrafo do que escrevi a seguir (publicado na Vida Económica) mereceria hoje um tratamento diferente, porque existe o MEP.

Os meus cumprimentos
A. Magalhães Pinto

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A ÉTICA

A vida portuguesa dos tempos que correm está marcada por uma assustadora falta de ética. Políticos mentem. Empresários falcatruam. Instituições corrompem-se. Indivíduos governam-se. Começa a ser difícil encontrar algo em que se possa acreditar. Autênticos baluartes de seriedade do passado – os bancos, por exemplo – têm hoje uma imagem associada a bandos de malfeitores. Por injusto que seja neste ou aquele caso. Como vai longínquo o tempo dos homens dos negócios que se suicidavam por não poderem pagar uma letra na data do seu vencimento! Claro que, em todos os tempos, houve quem tentasse vigarizar o próximo. Mas havia a certeza de que, se apanhados, pagariam a elidida responsabilidade dos seus actos. Agora não é bem assim. Veja-se outro aspecto da falta de ética na vida social portuguesa, o caso de uma sentença sobre um acidente de viação que demorou trinta e três (sim, não é erro, é mesmo trinta e três) anos a ser produzida. O modo como a Justiça é aplicada em Portugal é um atentado à ética que deve revestir todos os actos públicos. A irresponsabilidade é geral. Gestores como os do Millennium/BCP escapam, quase impunes, à gravidade dos actos que praticaram. O Governador do Banco de Portugal escapa à responsabilidade de não terem os seus serviços velado pelo abuso da confiança dos cidadãos na sua competência. Gestores da coisa pública escapam às decisões erradas e, muitas vezes, malévolas que produzem. Políticos envolvidos em escândalos que, mesmo que se não consigam provar, poucas dúvidas deixam sobre a sua malignidade, atiram para as costas largas da perseguição política as acusações de que são alvo e seguem em frente felizes e contentes. Sucedem-se os factos a merecer a profunda censura dos cidadãos e não vemos ninguém ser responsabilizado por eles. É como se em Portugal apenas existisse a responsabilidade colectiva, numa negação de que o que colectivamente acontece é o somatório dos acontecimentos individuais.

A consequência maior deste estado de coisas é o falecimento da esperança. Sem direito a missa de gala cantada. Apenas se escutam os choros de raiva das carpideiras e as orações fúnebres dos crentes. Portugal está dividido entre os que roubam e os que protestam contra os roubos. Todos assumindo a postura do mendigo. Pedindo. Todos pedem alguma coisa, desde o mais alto magistrado da nação até ao lixeiro da minha área. Sem esperança de receber o que quer que seja, diga-se. Pedem porque acreditam que, neste mundo onde a ética é ausente, “quem não chora não mama”. Atavismo bem português consubstanciado em aforismo popular. E, aos poucos, vamo-nos afundando no lamaçal do desespero. Temos décadas sem luz à nossa frente, sentimos mais do que pensamos. Não é a primeira vez que nos nossos quase novecentos anos de história atravessamos uma longa noite. Mas desta vez é pior. Não há independências para conquistar porque ninguém sobrevive independente no mundo de hoje. Não temos mundos para descobrir porque todo o mundo está descoberto já. Não temos patriotismos para adornar porque – e esse é o grande crime da Revolução de Abril – o patriotismo foi assassinado com toda a sua descendência. Que nos resta então?

Resta-nos a dignidade de ser humano. Resta-nos a certeza de que temos o dever de deixar à nossa descendência este Portugal velhinho que usava ser solidário e sério. Somos o povo mais dócil e cordato de toda a História em todos os lugares do mundo. Temos mais dignidade a preservar do que qualquer outro povo da História de todos os povos. Mas, para tal, forçoso é que façamos renascer os valores que nos fizeram a nossa História. Precisamos de fazer reviver uma ética que se perdeu. Portugal precisa urgentemente de ser regenerado, no sentido literal do termo. E fica a questão crucial: onde os homens capazes de tarefa que se afigura tremenda?

Um novo Partido não parece recomendável. A imagem política é hoje numa caricatura infernalmente dantesca. Se um homem tido por sério se atreve a fazer-se político – isto é, líder, servidor da causa pública – sofre imediatamente colado a si o rótulo de todos os políticos. A democracia portuguesa só sobrevive porque é politicamente incorrecto dizer-se que ela está morta. Sim. Porque uma democracia que consente tais desmandos, uma democracia da qual todos os valores que devem enformar uma sociedade de bem desapareceram, é bem pior do que a generalidade das ditaduras. Nah! Um novo Partido é uma má ideia. A regeneração tem que partir do interior do sistema. Olha-se para este e pergunta-se: sim, mas donde? Tenho a resposta debaixo da língua do meu pensamento.

O Senhor Presidente da República tem uma legitimidade que mais ninguém tem no sistema. É o único que é eleito em seu próprio nome individual e é o único que tem uma maioria absoluta de votos nele expressos. Tem os poderes que a Constituição lhe confere. Poderes que, como tudo quanto nos determina e nos obriga, estão expressos em palavras. Palavras que não valem nada se, por detrás delas, não estiver uma intenção. Intenção que tem que ser lida a bem do Povo, da sociedade, do nosso País, da nossa História. Não são palavras vazias de sentido e de intenção. Quem neste momento empresta à instituição Presidência da República a sua figura humana, com tudo que isso representa de corpo e de espírito, tem ainda outra legitimidade. A de ser um homem estruturalmente sério, que até hoje não lucrou absolutamente nada com a política senão, seguramente, a certeza do dever cumprido que deve sentir. Costuma ele apontar ao dedo ao que não vai bem. Costuma ele apontar, muitas vezes por metáforas, os caminhos que devem ser seguidos. Mas não foi para isso que o elegemos. Para ser conselheiro ou espécie de grilo de Pinóquio. Elegemo-lo para que ele seja a nossa voz. Uma voz legitimada pelo poder que lhe cedemos de agir em nosso nome. E, ao usar essa voz, se ela não é ouvida como deve ser por quem deve ser, ele tem o direito de fazer aquilo que vai na nossa gana: dar um murro na mesa. A função dele é exigir, não é pedir. O Presidente da República não pode dizer só que “é preciso escolher criteriosamente os investimentos públicos”. Tem o dever e o direito de dizer quais os investimentos que ele julga – em nosso nome, caramba! – não deverem ser feitos. Ele não pode dizer só “que precisamos de uma Justiça rápida e eficaz”. Tem o direito e o dever de dizer que a quer já para o ano. Ou para o outro a seguir. Tem o direito e o dever de chamar ladrão a quem é ladrão, de chamar mentiroso a quem é mentiroso, de chamar troca-tintas a quem nunca foi pintor. Tem o direito e o dever de dizer em voz alta e clara, como se fosse um povo todo a dizê-lo, quais são as metas que devem ser atingidas e quando. E, sobretudo, tem o dever de exigir que aqueles que fazem da ética um par de chinelas, devem ser irremediavelmente ostracizados. Já. Não quando for conveniente. Sofra quem sofrer, desde que as penas sejam justas e merecidas.

Ao deixar correr a pena sobre estes meus pensamentos, tenho nenhuma esperança de que ela, a pena, tenha qualquer efeito. Mas sinto o dever de o fazer. Em primeiro lugar porque, talvez demasiado credulamente, acredito que a maioria dos portugueses pensa assim. E eu tenho o dever de dar voz a essa maioria, pelo privilégio de ter uma opinião que surge na praça pública. Depois, tenho esse dever também para com a minha consciência. Que, quando Portugal morrer, se possa dizer que houve alguém a tentar que esse não fosse o seu fim.

Magalhães Pinto