terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Crise e avaliação

Neste momento a crise económica avança a passos largos mas não é sequer óbvio que tenha terminado a crise financeira que lhe deu origem.

Se é claro que é necessária a actuação do estado, não tem sido tão claro que esta actuação tem custos a pagar no futuro. Ora isto exige que as medidas a tomar sejam cuidadosamente ponderadas, avaliando benefícios e custos. O estado somos todos nós, os nossos filhos, os nossos netos. Seremos nós quem terá que pagar a conta pelo que não é admissível que quem governa gaste sem critério.

Acontecem demasiadas coisas estranhas na relação do estado com os bancos e empresas de construção civil. E é este mesmo governo, sempre tão pronto a decidir despesas colossais antes de justificar ou avaliar seja o que for, que pretende impor na educação uma cultura de avaliação.

Bem, em toda a educação não. As reformas são permanentes e sem avaliação consequente. A avaliação dos alunos é cada vez mais uma caricatura estatística. Os únicos que têm que ser avaliados são os professores. Mas os critérios de escolha dos professores titulares não são reconhecidos como justos pelos professores. Teremos professores brilhantes com uma vida dedicada ao ensino a serem avaliados por outros com muito menos experiência e que não dão aulas há anos!

A realidade que resulta da política actual na educação dá sinais gravíssimos: como é possível explicar a onda de reformas antecipadas de professores, com penalizações muito sérias, a não ser pelo insuportável ambiente que se vive nas nossas escolas? É credível que este ambiente possa gerar uma educação de qualidade nos próximos anos? Podemos perder mais anos a fazer este tipo de experiências com o ensino em Portugal?

Em tempo de crise temos que estar mais atentos que nunca aos problemas realmente importantes e participar na formação de uma opinião pública que avalie rigorosamente a qualidade das opções governativas e das propostas políticas.

Sem comentários: