domingo, 15 de março de 2009

Leituras

(...)

«Como repetidamente tenho afirmado, o grande risco desta crise é decapitar a iniciativa privada.

Porque é ela que tem de levar o país a sair da crise.

O Estado, através de apoios transitórios ou da promoção de obras públicas, pode tapar alguns buracos e resolver problemas pontuais.

Mas a saída da crise tem de ser feita através da sociedade civil, das empresas privadas, da revitalização do tecido económico.

Ora, competiria à direita empenhada no futuro do país chamar a atenção para esse facto, defender a iniciativa privada sem a qual Portugal com muita dificuldade sairá do buraco.

Quase nada, no entanto, tem feito por isso.

A direita portuguesa perdeu a coragem.

Manuela Ferreira Leite, Paulo Portas, o líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, enredam-se com facilidade no discurso da esquerda, não são capazes de afirmar com convicção os seus pontos de vista.

O PCP, o BE, Manuel Alegre, sectores do PS, dominam a seu bel-prazer o palco mediático, condicionam o debate, lideram a opinião, fazendo a sua propaganda contra os interesses privados – e a favor do controlo da economia pelo Estado.

Assim, quando os sinais de crise começarem a esfumar-_-se lá fora, quando outros países começarem a recuperar, muito dificilmente os nossos empresários estarão em condições de se relançarem e investirem ao ritmo que será necessário.

A iniciativa privada estará exangue.

E o país continuará no atoleiro – com Louçã, Jerónimo e sectores do PS a esfregarem as mãos de contentamento.»

JAS no Política a Sério

4 comentários:

Carlos Albuquerque disse...

Confesso que não percebo qual o conceito de esquerda/direita de JAS.

A crise propagou-se num sistema financeiro internacional muito pouco controlado pelo estado e são os privados que pedem a intervenção do estado.

Será que ser de direita é defender que o estado deve pagar as asneiras dos privados muito ricos com os impostos de todos sem pedir nada em troca nem evitar que as asneiras se repitam?

Anónimo disse...

Ser de Direita ou de Esquerda
Penso que tem a ver com a forma de estar na vida. Podemos ligar estas formas de estar com o espírito nómada (esquerda) em que o clã, a horda é que conta e em que a liberdade individual é anulada em prol da força e da autodefesa do clã mobilizada na conquista ideológica e do poder, e com o espírito agricultor (direita) em que prevalece a tradição, a ordem, a liberdade individual, mesmo individualista.
Relativamente ao apoio dado ao sector bancário não tem nada a ver com ser de direita ou de esquerda mas sim do pragmatismo inerente à necessidade de sustentar um motor imprescindível à sociedade.

Carlos Albuquerque disse...

Caro anónimo

Mas então Salazar era de esquerda? E onde fica a protecção aos mais desfavorecidos?

Quanto ao apoio, JAS discute o apoio dado não ao sector bancário mas a um empresário individual que correu determinados riscos e depois foi generosamente salvo pelo banco do estado. Se o BPP não tinha risco sistémico também não me parece que o empresário Manuel Fino o tivesse para justificar o que lhe foi dado.

Depois não percebo esta direita que é individualista para receber lucros mas que pede logo o apoio do estado qundo se trata de assumir as perdas naturalmente ligadas às suas actividades.

Não se trata da mesma direita que brada quando se dá o RSI a uma família pobre e justifica que se dêem milhoes a Manuel Fino?

Ângelo Ferreira disse...

Só para esclarecer que quando coloco no cabeçalho "Leituras" não estou a concordar ou discordar de quem escreve. Acho apenas que merece leitura e reflexão.
Um abraço.