Enviado pela nossa leitora Helena Azeredo:
"Espero que as pessoas que gerem o destino das nações sejam pessoas de bem, timoneiros de princípios firmes, capazes de se manter verticais perante as marés mais turbulentas, sem se deixar vergar pelas ondas do poder e da ganância, sabendo abrir as escotilhas a quem rema no porão para que vejam o rumo que seguem e sintam que é o contributo de cada um e de todos juntos que levará o barco a bom porto.
E também eu acredito que deve ser cada um de nós a dar o passo em frente, o primeiro, aquele que é de facto arriscado... todos os que se seguem serão progressivamente mais seguros! Sem ficar à espera que um qualquer D. Sebastião surja das brumas para apresentar a obra acabada que há muito poderíamos estar a construir. É esse o sentimento que nos pode levar a assumir uma missão, por acreditarmos que podemos influenciar e mudar atitudes e comportamentos sem estar condicionados por pressões ou interesses estranhos aos objectivos que nos movem.
Tenho pois muita Esperança neste Movimento feito de pessoas que venham demonstrar que se é político para servir e não para se servir; de gente que não tenha medo ou vergonha de assumir e defender os valores em que acredita; de crentes na capacidade de os Homens reflectirem em conjunto sobre as melhores opções para o bem da própria Humanidade.
Temo no entanto pelo descrédito profundo e generalizado na classe política e pela passividade de tanta gente pessimista, derrotista mesmo, acomodada à sua condição e sem se incomodar também com os males dos outros, cúmplice - no seu silêncio - das grandes injustiças e pondo todas as culpas no "sistema" sem se dar conta que também faz parte dele e que pode e deve contribuir para o melhorar. É preciso que esta maneira de pensar não seja mais forte do que esta nova força e que o MEP seja capaz de fazer sentir a necessidade, a URGÊNCIA de as pessoas mudarem de atitude e olharem para mais além do que o próprio umbigo.
Temo também que vos (nos) tomem por um grupo de idealistas utópicos que julga ter descoberto a fórmula mágica para governar o mundo e cujo ânimo esmorecerá à medida que as dificuldades se interponham no vosso (nosso) caminho.
Não estou com isto a querer transmitir pessimismo, apenas a fazer um pouco de "advogada do diabo" para que o Movimento parta para voos mais altos com os pés bem assentes no chão.
Devo ainda dizer que o nome escolhido não me parece forte, no sentido de não ser dinâmico - esperar não é agir, esperar é depender de factores externos. O que até pode ser uma atitude positiva se formos buscar à sabedoria popular a expressão "quem espera sempre alcança" e não a outra que, ao contrário, diz que "quem espera desespera".
De qualquer modo, espero eu, é um sinal de longevidade, pois "a esperança é a última a morrer"!
Parabéns a todos pela coragem e contem com o meu apoio."
quinta-feira, 13 de março de 2008
Também eu tenho Esperança
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1 comentário:
Quando soube que tinha sido formado este Movimento, que irá dar origem a um partido, tive um intenso sentimento de alívio.
Tenho vivido sempre com esperança; a esperança tem sido o sustento para a força de alma de que preciso para agir, em diversas circunstâncias.
Foi a esperança que me levou a contestar muita coisa antes do 25 de Abril, foi a esperança que me levou, depois do 25 de Abril, a intervir na vida política e sindical de forma muito modesta mas constante e com toda a convicção da importância do meu pequeno contributo.
Tem sido com muito espanto que tenho visto a forma como a vida política se tem desenvolvido e se exprime. Tenho-me espantado com o procedimento de muitos que eram para mim "grandes nomes" da política e que têm traído a esperança que neles tinha posto.
Tenho-me espantado com a reacção de muita gente da minha idade, que suspirando por verem tanta coisa de que não gostam, ficam à espera de melhores dias, se tal for possível, ou ficam talvez esperando que a idade que já têm os poupem a sofrer as consequências daquilo que na vida política tanto lhe desagrada.
Tenho-me espantado com a atitude de alguma gente de idade madura, que vejo distante da intervenção política - porque se intervierem, podem-se "queimar". Outros vivem uma vida confortável e rotineira. Não viveram anos difíceis, como viveram os mais velhos como eu, e não sabem, ou não querem pensar, que a rotina de repente quebra, e estarão desarmados, porque pensavam que o que era assim, era assim para sempre. Preocupam-se com o que consideram importante para o bem estar e estatuto dos seus filhos, e põem de lado a reflexão à pergunta incómoda: "que fazes para garantir um Portugal melhor para todos?", "que esperas para os teus filhos daquilo que observas na nossa terra e no mundo?", "como contribues para melhorar o que achas mal?, "como é que participas na vida social e política?"
É com espanto que tenho visto tanta gente válida a manifestar o que considero serem formas de preguiça e egoísmo.
No entanto desde há muitos anos que conheço gente nova admirável, cheia inteligência, de bondade, de imaginação e ao mesmo tempo de bom senso.
Vejo essa gente toda, e parece-me que têm estado simplesmente à espera de serem chamados para qualquer coisa que os entusiasme e lhes dê motivos para sairem do conforto das suas rotinas.
Este grupo que agora se revelou dá-me a esperança de que essa gente passe a remar sabendo para onde vai, como diz a Helena. Assim irão remar com mais entusiasmo e podem prometer que tudo farão para contribuir na condução desse barco a bom porto. Barco esse em que vamos todos nós. Lembro especialmente os passageiros que mais carecidos estão no campo da saúde, alimentação, habitação, educação, trabalho. Todos nós carecemos também que seja valorizada a importância dos afectos, da vida de relação, da vida de família, que é aquilo que mais conta para a felicidade de cada um.
A. Pinto
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