terça-feira, 12 de maio de 2009

Leituras

Rendas "reacças"


«Para que uns quantos privilegiados continuassem a pagar rendas do tempo da 'pharmácia', os restantes portugueses foram forçados a endividar-se. "Sair de casa dos pais" passou a ser sinónimo exclusivo de "comprar casa através de empréstimo bancário". Além do endividamento, esta situação criou imobilismo. Ao ser proprietário da sua própria casa, o português, obviamente, só quer trabalhar perto da sua morada eterna. E quando perde o emprego, o dito português entra em desespero: "como é que vou procurar emprego noutra terra, quando a minha casa é aqui?". Assim, este imobilismo habitacional acaba por fortalecer - ainda mais - a rigidez laboral. Casa-para-a-vida exige emprego-para-a-vida. Os nossos políticos têm de quebrar este tandem que está a suicidar Portugal, ou seja, têm de reactivar o mercado de arrendamento. Sem flexibilidade habitacional a montante não há flexibilidade laboral a jusante».
Rui Raposo no Expresso

3 comentários:

Carlos Albuquerque disse...

Quem é que mais ganha com a actual situação nas rendas? Não me parece que sejam os inquilinos do tempo da "pharmácia" mas sim os bancos, a quem as pessoas se ligam para "comprar casa através de empréstimo bancário", e os construtores, que constroem sempre novas casas.

Ângelo Ferreira disse...

:) É isso mesmo.

Toonman disse...

este comentário esquece por completo o factor "laços sociais". O trabalhador não vive exclusivamente para a família e trabalho, mas cria amizades e vizinhança.
A mobilidade implica prescindir disso, e criar um afastamento social.
Faça-se um bom sistema de transporte público, gratuito (as empresas são o principal interessado na distribuição dos trabalhadores, podem bem suportar o custo), e mesmo estando com residência fixa o trabalhador pode deslocar-se facilmente numa área bastante alargada.