terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Desempregados de Longa Duração

O que faz a inutilidade social de um ser humano? O que faz que alguém, na idade activa, com uma memória, com um nome e uma vontade de ter futuro esteja no desemprego durante meses e anos a fio?

Os especialistas para responder a esta pergunta falam de “desadequação”, uma palavra feia e terrível. A desadequação tem dois lados. Fala-se do lado que se vê. A desadequação da pessoa às necessidades do mercado de trabalho. A mulher ou o homem que não estão no sítio e no tempo certos: Não estão no local onde a “mão de obra” é necessária; já não têm a idade, a força, as competências, os saberes, o conhecimento, necessários e sofrem as consequências disso. Este é o lado iluminado da desadequação, qual será o lado obscuro?





O Banco de Portugal revelou que em Portugal cada desempregado passa em média 23 meses à procura de trabalho. Quase 8% da população activa está desempregada. O que é que que está mal?

Visto do ponto de vista do desempregado o que está mal são as “coisas”, não ele; infelizmente está demasiado ocupado, a tentar sobreviver, para se preocupar com a questão de como se mudam “as coisas”, ou demasiado revoltado para lhe poder responder. Os outros, os que estão empregados, têm esperança de se manterem assim e uns metem-se na sua vidinha e outros têm pena e procuram ajudar os que sofrem, o que é uma coisa boa. Mas se as “coisas” não estão bem numa organização social que transforma pessoas potenciamente úteis em inúteis, que podemos nós fazer?

O lado obscuro da desadequação aparece quando deixamos de pensar a circunstância em que vivemos como algo que não podemos mudar. A adequação é um processo de aproximação mútua. Se é necessário promover o desenvolvimento do ser humano de modo a melhorar a sua utilidade social não é menos necessária - e a crise que vivemos dá a esta necessidade carácter de urgência - a re-invenção de um modo de organização económica, social e política centrado no desenvolvimento pleno do ser humano e, em última instância, o senso comum diz-nos que o modo como nos organizamos deve estar ao serviço do ser humano e não o contrário.

Temos o palavra muito bonita para designar a esperança: Oxalá; ya Allah!, Ó Deus!; Insha´Allah, Deus Queira. A fé em Deus é um argumento da esperança: “Oxalá o meu filho arranje emprego agora!”. Mas a matéria da esperança faz-se da acção dos homens e das mulheres. Na confiança, e também na fé, que através do diálogo e das promessas mútuas podemos mudar a nossa condição e ampliar as nossas possibilidades no futuro.

O MEP no âmbito da Acção: “Perfis de Exclusão/ Propostas de Inclusão” vai organizar próximamente uma semana dedicada aos Desempregados de Longa Duração.

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