«Partidos e candidatos em Portugal têm multiplicado o uso de sites, mas apenas, até à data, como plataformas declarativas e não interactivas.»
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«Partidos e candidatos em Portugal têm multiplicado o uso de sites, mas apenas, até à data, como plataformas declarativas e não interactivas.»
«O exemplo
Várias vezes este dia mudou de nome. Já foi de Camões, por onde começou. Já foi de Portugal, da Raça ou das Comunidades. Agora, é de Portugal, de Camões e das Comunidades. Com ou sem tolerância, com ou sem intenção política específica, é sempre o mesmo que se festeja: os Portugueses. Onde quer que vivam.
Há mais de cem anos que se celebra Camões e Portugal. Com tonalidades diferentes, com ideias diversas de acordo com o espírito do tempo. O que se comemora é sempre o país e o seu povo. Por isso o Dia de Portugal é também sempre objecto de críticas. Iguais, no essencial, às expressas por Eça de Queirós, aquando do primeiro dia de Camões. Ele afirmava que os portugueses, mais do que colchas às varandas, precisavam de cultura.
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Estranho dia este! Já foi uma “manobra republicana”, como lhe chamou Jorge de Sena. Já foi “exaltação da raça”, como o designaram no passado. Já foi de Camões, utilizado para louvar imperialismos que não eram os dele. Já foi das Comunidades, para seduzir os nossos emigrantes, cujas remessas nos faziam falta. E apenas de Portugal.
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Os Estados gostam de comemorar e de se comemorar. Nem sempre sabem associar os povos a tal gesto. Por vezes, quando o fazem, é de modo desajeitado. “As festas decretadas, impostas por lei, nunca se tornam populares”, disse também Eça de Queirós. Tinha razão. Mas devo dizer que temos a felicidade única de aliar a festa nacional a Camões. Um poeta, em vez de uma data bélica. Um poeta que nos deu a voz. Que é a nossa voz. Ou, como disse Eduardo Lourenço, um povo que se julga Camões. Que é Camões. Verdade é que os povos também prezam a comemoração, se nela não virem armadilha ou manipulação.
Comemora-se para criar ou reforçar a unidade. Para afirmar a continuidade. Para reinterpretar o passado. Para utilizar a História a favor do presente. Para invocar um herói que nos dê coesão. Para renovar a legitimidade histórica. São, podem ser, objectivos decentes. Se soubermos resistir à tentação de nos apropriarmos do passado e dos heróis, a fim de desculpar as deficiências contemporâneas.
Não é possível passar este dia sem olharmos para nós. Mas podemos fazê-lo com consciência. E simplicidade.
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Garantimos com altivez que Camões é o grande escritor da língua portuguesa e um dos maiores poetas do mundo, mas talvez fosse preferível estudá-lo, dá-lo a conhecer e garantir a sua perenidade.
Afirmamos, com brio, que os portugueses navegadores descobriram os caminhos do mundo nos séculos XV e XVI e que os portugueses emigrantes os percorreram desde então. Mais vale afirmá-lo com o sentido do dever de contribuir para a solidez desta comunidade.
Dizemos, com orgulho, que o Português é uma das seis grandes línguas do mundo. Mas deveríamos talvez dizê-lo com a responsabilidade que tal facto nos confere.
Quando se escolhe um português que nos representa, que nos resume, escolhe-se um herói. Ele é Camões. Podemos festejá-lo com narcisismo. Mas também com a decência de quem nele procura o melhor.
Os nossos maiores heróis, com Camões à cabeça, ilustraram-se pela liberdade e pelo espírito insubmisso. Pela aventura e pelo esforço empreendedor. Pela sua humanidade e, algumas vezes, pela tolerância. Infelizmente, foram tantas vezes utilizados com o exacto sentido oposto: obedientes ou símbolos de uma superioridade obscena.
Ainda hoje soubemos prestar homenagem a Salgueiro Maia. Nele, festejámos a liberdade, mas também aquele homem. Que esta homenagem não se substitua, ritualmente, ao nosso dever de cuidar da democracia.
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As comemorações nacionais têm a frequente tentação de sublinhar ou inventar o excepcional. O carácter único de um povo. A sua glória. Mas todos sentimos, hoje, os limites dessa receita nacionalista. Na verdade, comemorar Portugal e festejar os Portugueses pode ser acto de lucidez e consciência. No nosso passado, personificado em Camões, o que mais impressiona é a desproporção entre o povo e os feitos, entre a dimensão e a obra. Assim como esta extraordinária capacidade de resistir, base da “persistência da nacionalidade”, como disse Orlando Ribeiro. Mas que isso não apague ou esbata o resto. Festejar Camões não é partilhar o sentido épico que ele soube dar à sua obra maior, mas é perceber o homem, a sua liberdade e a sua criatividade. Como também é perceber o que fizemos de bem e o que fizemos de mal. Descobrimos mundos, mas fizemos a guerra, por vezes injusta. Civilizámos, mas também colonizámos sem humanidade. Soubemos encontrar a liberdade, mas perdemos anos com guerras e ditaduras.
Fizemos a democracia, mas não somos capazes de organizar a justiça. Alargámos a educação, mas ainda não soubemos dar uma boa instrução. Fizemos bem e mal. Soubemos abandonar a mitologia absurda do país excepcional, único, a fim de nos transformarmos num país como os outros. Mas que é o nosso. Por isso, temos de nos ocupar dele. Para que não sejam outros a fazê-lo.
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Há mais de trinta anos, neste dia, Jorge de Sena deixou palavras que ecoam. Trouxe-nos um Camões humano, sabedor, contraditório, irreverente, subversivo mesmo.
Desde então, muito mudou. O regime democrático consolidou-se. Recheado de defeitos, é certo. Ainda a viver com muita crispação, com certeza. Mas com regras de vida em liberdade.
Evoluiu a situação das mulheres, a sua presença na sociedade. Invisíveis durante tanto tempo, submissas ainda há pouco, as mulheres já fizeram um país diferente.
Mudou até a constituição do povo. A sociedade plural em que vivemos hoje, com vários deuses e credos, com dois sexos iguais, com diversas línguas e muitos costumes, com os partidos e as associações que se queira, seria irreconhecível aos nossos próximos antepassados.
A sociedade e o país abriram-se ao mundo. No emprego, no comércio, no estudo, nas viagens, nas relações individuais e até no casamento, a sociedade aberta é uma novidade recente.
A pertença à União Europeia, timidamente desejada há três décadas, nem sequer por todos, é um facto consumado.
A estes trinta anos pertence também o Estado de protecção social, com especial relevo para o Serviço Nacional de Saúde, a segurança social universal e a escolarização da população jovem. É certamente uma das realizações maiores.
Estas transformações são motivo de regozijo. Mas este não deve iludir o que ainda precisa de mudança. O que não foi possível fazer progredir. E a mudança que correu mal.
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A Sociedade e o Estado são ainda excessivamente centralizados. As desigualdades sociais persistem para além do aceitável. A injustiça é perene. A falta de justiça também. O favor ainda vence vezes de mais o mérito. O endividamento de todos, país, Estado, empresas e famílias é excessivo e hipoteca a próxima geração. A nossa pertença à União Europeia não é claramente discutida e não provoca um pensamento sério sobre o nosso futuro como nacionalidade independente.
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Há poucos dias, a eleição europeia confirmou situações e diagnósticos conhecidos. A elevadíssima abstenção mostrou uma vez mais a permanente crise de legitimidade e de representatividade das instituições europeias. A cidadania europeia é uma noção vaga e incerta. É um conceito inventado por políticos e juristas, não é uma realidade vivida e percebida pelos povos. É um pretexto de Estado, não um sentimento dos povos. A pertença à Europa é, para os cidadãos, uma metafísica sem tradição cultural, espiritual ou política. Os Estados e os povos europeus deveriam pensar de novo, uma, duas, três vezes, antes de prosseguir caminhos sem saída ou falsos percursos que terminam mal. E nós fazemos parte desse número de Estados e povos que têm a obrigação de pensar melhor o seu futuro, o futuro dos Portugueses que vêm a seguir.
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É a pensar nessas gerações que devemos aproveitar uma comemoração e um herói para melhor ligar o passado com o futuro.
Não usemos os nossos heróis para nos desculpar. Usemo-los como exemplos. Porque o exemplo tem efeitos mais duráveis do que qualquer ensino voluntarista.
Pela justiça e pela tolerância, os portugueses precisam mais de exemplo do que de lições morais.
Pela honestidade e contra a corrupção, os portugueses necessitam de exemplo, bem mais do que de sermões.
Pela eficácia, pela pontualidade, pelo atendimento público e pela civilidade dos costumes, os portugueses serão mais sensíveis ao exemplo do que à ameaça ou ao desprezo.
Pela liberdade e pelo respeito devido aos outros, os portugueses aprenderão mais com o exemplo do que com declarações solenes.
Contra a decadência moral e cívica, os portugueses terão mais a ganhar com o exemplo do que com discursos pomposos.
Pela recompensa ao mérito e a punição do favoritismo, os portugueses seguirão o exemplo com mais elevado sentido de justiça.
Mais do que tudo, os portugueses precisam de exemplo. Exemplo dos seus maiores e dos seus melhores. O exemplo dos seus heróis, mas também dos seus dirigentes. Dos afortunados, cujas responsabilidades deveriam ultrapassar os limites da sua fortuna. Dos sabedores, cuja primeira preocupação deveria ser a de divulgar o seu saber. Dos poderosos, que deveriam olhar mais para quem lhes deu o poder. Dos que têm mais responsabilidades, cujo “ethos” deveria ser o de servir.
Dê-se o exemplo e esse gesto será fértil! Não vale a pena, para usar uma frase feita, dar “sinais de esperança” ou “mensagens de confiança”. Quem assim age, tem apenas a fórmula e a retórica. Dê-se o exemplo de um poder firme, mas flexível, e a democracia melhorará. Dê-se o exemplo de honestidade e verdade, e a corrupção diminuirá. Dê-se o exemplo de tratamento humano e justo e a crispação reduzir-se-á. Dê-se o exemplo de trabalho, de poupança e de investimento e a economia sentirá os seus efeitos.
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Políticos, empresários, sindicalistas e funcionários: tenham consciência de que, em tempos de excesso de informação e de propaganda, as vossas palavras são cada vez mais vazias e inúteis e de que o vosso exemplo é cada vez mais decisivo. Se tiverem consideração por quem trabalha, poderão melhor atravessar as crises. Se forem verdadeiros, serão respeitados, mesmo em tempos difíceis.
Em momentos de crise económica, de abaixamento dos critérios morais no exercício de funções empresariais ou políticas, o bom exemplo pode ser a chave, não para as soluções milagrosas, mas para o esforço de recuperação do país.
(Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, Santarém, 10 de Junho de 2009)»
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A nossa sociedade vive momentos difíceis. Nem todos os problemas, como sabemos, se devem à classe política. Somos todos responsáveis pelo estado das coisas.
O tempo exige-nos um olhar atento sobre o mundo, mas também um olhar para dentro, para o fundo de nós mesmos. E aí, no silêncio e no escuro desse canto sossegado do pensamento, devemos questionar-nos sobre o mundo que queremos e qual o nosso papel nele.
Vivemos com muito ruído à nossa volta, o que nos impede de escutar os sussurros de bom senso que a vida nos faz. Somos interpelados a agir em nosso nome individual e em nome dos outros, mas olhamos para o lado, para baixo, para qualquer lado que não nos obrigue a agir, a sair da monotonia daquilo que consideramos comodamente ser a nossa cápsula protectora – quanto engano! Não temos tempo para nada a não ser para tudo o que sempre fazemos. Permanecemos agarrados ao chão de um sentimento de insignificância, de incapacidade, restando-nos, tantas vezes, apenas a crítica feroz, de quem atira, perdido, pedras ao espelho.
Vivemos hoje rodeados de tanta gente, de tantos gritos, e às vezes tão sós. Perdemo-nos, em grande medida, do tempo, que escorre por entre os nossos dedos trémulos, debaixo dos nossos olhos cansados. Não temos tempo para ler, para pensar, para ouvir, para conversar, para usufruir da companhia dos outros, para dar atenção aos outros, aos idosos, às crianças. Para, em silêncio, estar com a vida.
Há um caminho cheio de pedras para retirar, usando-as para construir a calçada e as pontes necessárias. Outras para descansar. E há pântanos a evitar, escolhas a fazer. Esse é um caminho que todos devemos construir com empenho, sensibilidade, exigência, dando a mão aos que vêm mais cansados, aos que não podem caminhar.
Se nem tudo se decide na política, e todos temos um papel decisivo em sociedade, é também verdade que a política é um dos espaços nobres de construção de uma vida melhor, com liberdade, responsabilidade e solidariedade. Os últimos tempos não têm sido nada felizes e todos estão descontentes. Mas será isso motivo para que atitude?
No próximo dia 7 de Junho realizar-se-ão as eleições para o parlamento europeu, um acto de grande importância para os nossos destinos. A campanha decorre e a gritaria é imensa. Os cinco maiores partidos fazem tanto ruído, ampliado pela comunicação social, que nada se vislumbra de novo, nada se consegue perceber. O debate de ideias é uma guerra de surdos-mudos no vazio infértil do éter. As televisões, as rádios e os jornais nacionais não ligam nenhuma aos novos partidos, como se a democracia tivesse numerus clausus. Como se não houvesse lugar para mais ninguém na construção do nosso futuro. Estarão contentes com os caminhos seguidos?
E você? Basta-lhe a escolha entre os cinco do costume? Não sei se sabe, mas, no dia 7, quando se dirigir à sua urna de voto, vai deparar-se com uma lista de 13 partidos, dos quais 2 (Movimento Esperança Portugal e Movimento Mérito e Sociedade) são recentes. Conhece as suas propostas?
A importância do acto eleitoral, pelo que o parlamento europeu representa de determinante nas nossas vidas, não pode ser desvalorizada, nem ficar refém das escolhas das directorias dos órgãos de comunicação social. A nossa democracia não pode permanecer encarcerada nas grilhetas daqueles que se julgam seus donos.
Informe-se e escolha. Ou vai deixar que outros decidam por si?
Publicado no jornal Diário de Aveiro de 4 de Junho com a seguinte nota sobre conflito de interesses: Sou membro do MEP.
Esta semana, em contactos de rua, uma senhora de oitenta e tal anos disse-me que o dia de que mais gostava era o das eleições.
Primeiro porque quando era mais nova não entendia por que razão as mulheres não podiam votar. E, depois, dizia ela, porque o dia das eleições era o único em que o seu voto valia tanto como o do presidente, do primeiro-ministro ou de outra pessoa qualquer.
As pessoas abstêm-se muito nas eleições, mas mais ainda nas europeias. Isso pode ser um sinal de que tudo corre bem na vida do país, de tal forma que as leve a considerar que a política tem pouco peso nas suas vidas. Será?
Poderá também ser por considerarem que nada de muito decisivo está em causa. Ou, estando, que os partidos não terão posições assim tão diferentes que valha a pena escolher – tanto faz. Será?
Poderão ainda pensar que não é o seu voto que vai decidir a eleição. Nada mais errado, claro. Todos os votos contam, menos aqueles de quem não votou.
Existirão pessoas que, no entanto, não votem, apenas por comodismo? Custa a acreditar. E outras por andarem completamente a leste? Custa a acreditar ainda mais.
Será que algumas pessoas não votam por não terem cultura/formação que lhes permita distinguir os partidos com um sentido crítico mínimo? Será por falta de informação sobre as diferentes propostas?
Estarão as pessoas cansadas da política porque ela se tem transformado numa gritaria ruidosa, cheia de palavrões impróprios e ofensas gratuitas, afastada da realidade concreta, sem sensibilidade, sem grandes resultados, confusa, sem se perceber grandes diferenças entre os partidos de poder, para se poder escolher?
Independentemente das razões que possamos procurar para justificar o elevado nível de abstenção - e quero dizer que considero a abstenção legítima, sendo totalmente contra o voto obrigatório -, julgo, no entanto, que se deve votar. É que estou convencido que se decide muita coisa importante no parlamento europeu para deixarmos os nossos créditos em mãos alheias. O nosso voto informado pode fazer a diferença! A abstenção é mal lida pelos políticos, uma espécie de “quem cala consente”.
A Europa sofre de défice democrático, de falta de liberdade dos cidadãos, e assenta numa cidadania construída com base em direitos, sem deveres. O que precisa na sua construção é de maior participação das pessoas nas decisões, nos destinos das suas vidas (e não apenas nos momentos eleitorais). Precisa de maior liberdade e de mais responsabilidade. Precisa de ética. Do regresso aos valores, sem pudores. Só assim o projecto europeu fará sentido.
Nestas eleições há dois partidos novos: o Movimento Esperança Portugal e o Movimento Mérito e Sociedade. Apesar da cortina mediática que nos impede de escutar as diferenças entre os vários partidos a concurso, ou sequer saber da sua existência, devemos procurar a informação e decidir em consciência.
Afinal, quanto vale o seu voto?
Publicado no Região de Águeda de 4 de Junho de 2009
A educação jamais será neutra. Isto é, não há possibilidade de construir projectos pedagógicos completamente neutrais, sobretudo em certas matérias, onde perpassam as “opiniões” dos seus autores, em diferentes níveis. Talvez me digam que ficam de lado as ciências duras, mas pouco mais. E mesmo aí, há toda uma visão do mundo a enformar o seu ensino, hoje muito influenciada pelas ciências da educação, pelas diferentes correntes pedagógicas e pelas ideologias, ou, pior, tudo misturado na mesma trituradora laboratorial.
O nosso sistema de ensino, altamente centralizado no ministério da Educação, está repleto de programas, despachos e circulares que tudo decidem, eliminando a criatividade, a diversidade de olhares e valores, a capacidade de professores e pais (os verdadeiros educadores dos jovens) optarem por diferentes projectos educativos. Essas “orientações” encerram, mais descaradamente ou mais sub-repticiamente, as opções ideológicas de quem as produz. Um escândalo, tendo em conta que a nossa Constituição e as mais diversas declarações internacionais de direitos fundamentais a que Portugal está obrigado – na prática, entre nós, são letra morta! Aí se diz que são os pais que devem escolher o tipo de educação que querem para os filhos.
O Estado, porque desconfia das pessoas, da sua capacidade e das suas opções, decidiu ser o grande educador, criando um sistema escolar hegemónico, obrigando as famílias à matrícula dos filhos na escola da sua residência. Resumindo, não permite a liberdade de aprender e de ensinar. Não adianta dizer que as pessoas podem escolher uma escola privada e pagar. Ou enganar o sistema e matricular os filhos noutra escola. O problema é mesmo dos filhos daqueles que não têm dinheiro para tais opções e ficam reduzidos à escolha que o Estado fez para eles, independentemente de ser boa ou má, de ir ou não ao encontro dos seus valores e aspirações.
Quando se fala de liberdade de educação há logo quem diga que se está a querer desmantelar o ensino estatal, embora digam que se pretende desmantelar o serviço público, como se apenas o estado prestasse serviço público. Nada mais errado (e manhoso). O serviço público de educação também é prestado pelas escolas privadas. Se uma escola privada prestar um serviço de educação, cumprindo regras (não exclusão por raça, religião, etc.), cumprindo um currículo mínimo nacional, fazendo-o com qualidade e a um preço igual ou mais baixo que a escola do Estado, por que razão (mística?) não pode receber o mesmo financiamento do Estado que uma escola estatal? Por que razão (mística?) não podem as famílias escolher entre as escolas (estatais ou privadas) que pertençam a uma rede de serviço público de educação, de acordo com as legítimas opções para os seus filhos em matéria de projecto educativo?
O tema dá pano para muitas costuras. Por agora contento-me em sublinhar que aqui começa o grande problema da proposta de educação sexual que o governo do PS quer impor aos portugueses, que ficam sem uma escolha fundada nos seus valores – um direito fundamental. É aos pais que compete decidir que tipo de educação (sexual) querem para os filhos. A sexualidade não é apenas biologia e encerra valores. É com as famílias que as escolas devem construir projectos educativos, com autonomia, com liberdade. Não deve ser um iluminado num gabinete em Lisboa a decidir. Depois, tendo em conta a diversidade de ofertas/escolas e a sua qualidade, os pais escolhem, as escolas concorrem. Ao Estado cumpre garantir que todos os portugueses, sobretudo os mais pobres, têm igual oportunidade de acesso a uma educação de qualidade. O sexo da escola, se é pública ou privada, é a única coisa que não interessa nada!
Ângelo Ferreira
Publicado no Região de Águeda de 21/05/2009
Portugal vive uma crise difícil de ultrapassar, decorrente, é certo, da crise económica internacional, mas também muito devido a problemas internos, nossos. E, quando digo nossos, digo de todos, do Estado nas suas múltiplas vertentes, das empresas, das instituições, das famílias, dos indivíduos. Isto é, todos temos, para lá das condições externas, responsabilidades na situação interna que vivemos.
Dito isto, haverá alguma fatalidade que nos condene a um determinado destino? Não. Portugal, um dos países mais antigos do mundo, com oitocentos anos de uma grandiosa história, feita de sucessos e insucessos, vale a pena e tem futuro. O nosso fado é, todos os dias, uma canção com versos por escrever.
Pensava nisto, esta manhã, não por causa de uma reflexão muito profunda, mas antes com base em coisas muito simples. Ouvia na rádio os habituais diagnósticos da difícil situação económica, com as críticas daqueles que procuram apontar os erros, as pedras no caminho, como dizia o poeta, e, assim, indicar implicitamente os esforços necessários. O tom mais derrotista, a evitar, porque não constrói, logo foi aligeirado pela música alegre de Cármen Miranda, comemorando os 100 anos do nascimento, em Marco de Canaveses, dessa cantora luso-brasileira que teve enorme sucesso internacional. Claro que, por mais alegre que seja a sua música, a nossa difícil situação não muda. Mas a sua história serve de ponto de partida para mostrar que não há nada nos nossos genes que nos condene ao insucesso.
São muitos os portugueses que constroem casos de sucesso por esse mundo fora, e também por cá, nas mais variadas e exigentes áreas, vencendo todas as dificuldades. O rol é enorme e não cabe nestas páginas. Cito alguns para ilustrar: o filósofo Espinosa, o médico cientista António Damásio e o atleta Nélson Évora.
Espinosa, um judeu português, teve de fugir num período difícil da nossa história, a par com muitos judeus perseguidos que foram por essa Europa. Alguns deles, por exemplo, foram para a Holanda e daí para a América do Norte, tendo ajudado a fundar a cidade de Nova Amesterdão, que mais tarde se veio a chamar Nova Iorque, e contribuído de forma determinante para o desenvolvimento económico dos EUA. A sinagoga mais antiga dos Estados Unidos foi fundada por judeus sefarditas, de origem portuguesa. Impressionante, não é?
António Damásio formou-se em Portugal, doutorou-se na América e por lá ficou, sendo hoje um dos maiores vultos mundiais na sua área de conhecimento. A sua investigação tem dado inestimáveis contributos para o conhecimento do cérebro humano e das emoções.
Nélson Évora é um atleta de eleição, tendo sido recentemente campeão olímpico do triplo salto, para orgulho de todos nós.
Alguns genes expulsos, alguns genes exportados e alguns genes importados fazem a grandeza de ser português, dependendo do ambiente em que se expressam e da força anímica de quem os possui. Também os Descobrimentos, essa empresa que deu mundos ao mundo e fez a primeira globalização, foram feitos por gente diversa, nascidos ou não em Portugal, mas num ambiente ambicioso de concretização. E tudo o que de grandioso se foi construindo ficou a dever-se não apenas aos vultos mais conhecidos, mas a uma enorme multidão de anónimos, de múltiplas origens genéticas, culturais e religiosas. É assim a nossa história, a nossa vocação.
Se todos acreditarmos que podemos fazer a diferença, nos mais pequenos gestos, criando o correcto ambiente de liberdade (criativa), de responsabilidade (que não atira para terceiros a culpa) e de solidariedade (que acolhe e não deixa ninguém para trás), venceremos.
Portugal tem futuro e vale a pena. Saibamos todos fazer o pequeno/grande gesto de mudança que está ao nosso alcance.
Num programa de televisão esta semana, dizia o professor Adriano Moreira que a capacidade continua cá e o que é preciso é mobilizar os portugueses. Foi por isso que aderi ao Movimento Esperança Portugal, projecto político que acredita nesta visão. É também aí, apesar do momento difícil, de desgaste e desertificação, que podemos ajudar a construir um Portugal melhor.
Como diz o provérbio chinês, lembrado pelo professor, «Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida».
Ângelo Ferreira
Publicado no Diário de Aveiro de 20/05/2009
A semana passada ficámos a saber que alguém tinha usado um grupo de alunos de uma escola de Castelo de Vide para realizar imagens para um tempo de antena do PS.
Só por si, isto revela um notório abuso de imagem das crianças estudantes, mesmo que autorizado pelos pais com o devido conhecimento do que está em causa. Se pretendiam produzir o tempo de antena clamando hossanas ao Magalhães – esse milagre da Educação -, mais valia que contratassem numa dessas empresas de agenciamento de crianças, dentro da lei e das regras, pagando devidamente aos actores e referindo no vídeo que aquilo tudo não passava de ficção.
Mas não, o PS preferiu fazer uma telenovela da vida real, um “reality show”, como agora está na moda. E vai daí pede para gravar na escola verdadeira com crianças estudantes também verdadeiras. Mas, para isto se tornar possível, como é evidente, precisava de uma camuflagem, enganando de verdade. É que nenhuma escola, pelo menos onde mande alguém com juízo, se prestaria a esse espectáculo, por uma razão básica de bom senso, de independência partidária e afastamento higiénico das campanhas eleitorais.
O que terá então acontecido? Afirma a presidente do Agrupamento de Escolas de Castelo de Vide, Ana Paula Travassos, que o contacto foi feito pelos serviços centrais do ministério da Educação e pela direcção regional de Educação, solicitando a realização do pitoresco e apoteótico filme, onde o tal PC Magalhães é elevado à categoria de “melhor amigo” das crianças, numa deixa do guião rosa para aqueles inocentes actores. Diz a professora que o pedido foi no sentido de fazer uma avaliação do impacto do computador na aprendizagem das crianças do 1.º ciclo e que, cito, «Foi com base nesta informação que pedimos autorização aos pais para a realização das filmagens. Nunca imaginámos a utilização posterior das imagens». A coisa é ainda mais cabeluda, pois o próprio coordenador da área educativa de Portalegre acompanhou as gravações, talvez como anotador de serviço ou corrigindo alguma deixa menos vigorosa no elogio do novo herói. Acrescenta Ana Paula Travassos que a empresa produtora deu a informação que trabalhava para o ministério.
Afinal, o que é isto senão uma grande sem-vergonhice? O que deviam ser as consequências desta anedota de mau gosto?
Vitalino Canas, porta-voz do PS, veio dizer que a empresa é que não tinha dado a informação correcta. Alguém acredita nisso? Alguém acredita que o PS mandasse uma empresa contactar uma escola pedindo autorização para realizar um anúncio de campanha partidária?
A ministra, recusando qualquer responsabilidade do ministério na obtenção das imagens, ainda foi mais original: «A lição que retiramos deste episódio é a necessidade de estarmos mais atentos para estas questões e ao cumprimento dos procedimentos para continuar a dar a garantia de respeito do direito à protecção de imagem por parte dos nossos alunos». Como disse?
A lição é que deviam ser apuradas as responsabilidades de pessoas do ministério, incluindo o coordenador da área educativa de Portalegre, que fizeram diligências para obter as devidas facilidades. Mesmo antes disso, a ministra devia assumir as suas responsabilidades políticas.
Que fracos amigos tem o Magalhães. E as crianças.
Ângelo Ferreira
Publicado no Região de Águeda de 14/05/2009
Rendas "reacças"
«Falar verdade
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«É absolutamente inadmissível a legislação hoje aprovada na Assembleia da República com o apoio de todos os partidos. Anos e anos de esforços para evitar que "dinheiro vivo" entrasse na contabilidade partidária, são deitados fora com toda a displicência, com um recuo enorme na transparência das contas partidárias. E não adianta andar a falar do enriquecimento ilícito porque hoje permite-se muito do que está por detrás da corrupção entre os "interesses", a administração local e central e os partidos políticos. E o Bloco de Esquerda, que está sempre indignado com o "descaramento" dos outros, e a falar contra o "centrão" corrupto e corruptor, votou também a mesma lei».
Comemorou-se este domingo à noite, com jantar no Centro de Congressos de Aveiro, o 30.º aniversário da ADERAV (Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro).
Durante o jantar foi homenageado um dos seus fundadores, Amaro Neves, e, assim, simbolicamente, todas as pessoas que nela se têm dedicado, nestes já longos 30 anos, ao estudo, à publicitação e à defesa do património natural e cultural da região. Nada de mais justo, sobretudo num país onde o património serve para embelezar discursos de conveniência e ocasião, mas rapidamente passa a letra morta da inacção e omissão de responsáveis.
Mas, é importante sublinhá-lo, somos todos responsáveis pelo estado do nosso património, da nossa cultura, da nossa natureza, da nossa história. Por isso, num país onde, como dizia o presidente da ADERAV, Luís Souto, no seu discurso, tudo se pede ao Estado, é de enaltecer e apoiar, num exercício de cidadania baseado em deveres, e não apenas em direitos, a actividade voluntária de pessoas que lutam pelo estudo e defesa do património e da história comuns.
Infelizmente, qualquer passeio pelo nosso (ainda) belíssimo país nos abrirá as portas do desprezo com que grande parte do nosso património natural e cultural é tratado. Bastará, para sentir a gravidade da situação, olhar o estado de degradação de alguns dos grandes monumentos ou o cuidado negligente a que estão entregues e imaginar o fado daqueles que são considerados de menor estatuto. Bastará ver a falta de sinalização adequada e de informação esclarecedora. Bastará olhar a paisagem, tantas vezes vilipendiada pelo fogo ou por outras indiscutíveis acções humanas, como a construção desordenada, de duvidosos gosto ou utilidade.
A defesa do nosso património não consubstancia apenas um gesto de bondade humana e respeito pelo nosso legado natural, histórico e cultural. É, acima de tudo, um acto de inteligência. A sua preservação pode e deve gerar recursos determinantes para o nosso desenvolvimento e bem-estar. Veja-se, especialmente num período de crise tão difícil, as receitas que o turismo cultural e de natureza podem criar, tornando-se uma importante fonte de riqueza e emprego.
Para que o nosso património se transforme nesse instrumento de criação de riqueza é necessário, desde logo, que se preste uma maior atenção e apoio ao trabalho desenvolvido por associações como a ADERAV, tidas como importantes parceiros locais na sua defesa e promoção, envolvendo os cidadãos nessa determinante tarefa. É também urgente uma descentralização que nos liberte de um poder desfocado e distante, sem rosto e sem olhos para a diversidade, permitindo maior responsabilidade local, maior liberdade criativa, assim como maior exigência directamente exercida pelos cidadãos. É necessária uma melhor articulação regional dos recursos existentes, nomeadamente técnicos, abandonando a “lógica de capelinha” e ganhando em economia de escala, actuando em parceria na sua promoção, quer nacional, quer internacional. É urgente a liberdade e responsabilidade na actuação que estimule a inovação na promoção e gestão do património como, por exemplo, a diversificação de horários de abertura (por que não à noite em vez do proibitivo horário diurno?), a obtenção de apoios de mecenas (legislação mais favorável/abate nos impostos), o estabelecimento de parcerias (locais, nacionais ou internacionais, também com privados) ou a procura de receitas próprias (edição de obras e outros materiais) – veja-se o caso dos museus, cujas receitas revertem para um organismo central, que depois as gasta (distribui) sem olhar aos méritos da angariação, tornando-se num estímulo ao desinteresse e à inacção.
Para terminar, adapto as perguntas de grande simbolismo do presidente da ADERAV no referido jantar. Alguém consegue imaginar um mundo onde as Pirâmides do Egipto ou a Acrópole de Atenas sejam apenas desenhos num antigo vaso depositado num Museu? Alguém consegue aceitar um mundo onde animais selvagens como o tigre, o leão, o elefante, mas também tantos outros seres vivos, como os da Ria de Aveiro, sejam meras ilustrações de uma natureza para sempre perdida? Alguém consegue imaginar Portugal sem os Jerónimos ou a Torre de Belém? Alguém quer imaginar Aveiro sem o Museu, a Capitania, a Cerâmica Campos ou a Casa Major Pessoa? Alguém aceita perder o paraíso ecológico que é a Ria de Aveiro? Não. Por isso é que o contributo dado pela ADERAV para a preservação e promoção do nosso património é tão importante e merece louvor e apoio. Por isso é tão determinante a atenção e o apoio de todos.
O nível civilizacional de um povo mede-se seguramente pela forma como este concilia progresso, património e memória. Um país sem memória é um país sem futuro.
Ângelo Ferreira
Publicado no Diário de Aveiro de 5/05/2009
Afinal, quem estabeleceu contacto formal com escola a solicitar a devida autorização para a feitura das imagens de um vídeo de campanhã do PS? Houve ou não houve contacto dos serviços do ME, conforme afirma a presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de escolas de Castelo de Vide?
Repudiam-se as agressões feitas a Vital Moreira e restante comitiva do PS. Não é admissível este tipo de comportamento.
Comemorou-se recentemente o 25 de Abril como o dia da liberdade, momento em que Portugal se livrou de uma ditadura e abriu portas a uma democracia liberal, embora, na verdade, apenas com o 25 de Novembro de 1975 tal tivesse ficado efectivamente assegurado, colocando-se uma primeira pedra sobre uma deriva totalitária de sinal contrário ao antigo regime. Muitos dos seus defensores continuam hoje na ribalta política, depois de uma mudança de “sexo” ou simplesmente travestidos de democratas.
Para muitos dos “donos” do 25 de Abril, que então tomaram as cadeiras do poder e delas fizeram sofás para a vida, a democracia e a liberdade são apenas boas quando produzem os resultados que desejam. Assim, com as devidas distâncias, um pouco ao jeito de Hugo Chavez, esse grande democrata que, tendo perdido um referendo que lhe permitiria perpetuar-se no poder, “reconheceu” a derrota apelidando o resultado de, e peço desculpa pela citação, uma vitória “de mierda”.
Talvez do mesmo tivessem tido medo os nossos políticos quando nos rejeitaram a possibilidade de votar em referendo o Tratado de Lisboa. São os mesmos que agora apelam ao voto nas eleições europeias, confiantes de que delas não sairá nenhuma vitória menos asseada.
Se os méritos de Abril ou Novembro são inquestionáveis, nem tudo o que é bom se fica a dever-lhes, nem tudo o que era muito mau acabou. 35 anos depois, grande parte da população não se entusiasma com a celebração, nem acredita muito nela. Não culpemos as pessoas. Há razões para isso acontecer, que não isentam ninguém, muito menos a classe política.
Numa sondagem recente ficámos a saber que 77% dos portugueses concorda que são cada vez mais aqueles que não se revêem nos partidos políticos, que não acreditam na política partidária. Para 72,4% a política partidária move-se por interesses próprios, em vez do bem comum, do país. 78,1% concorda que são necessárias candidaturas independentes ao parlamento. Quanto aos direitos e liberdades menos respeitados, 23,1% dos inquiridos referem a Saúde, 22,3% a Justiça e 15% a Educação – porque será?
Além disto é preciso olhar com atenção para os seguintes resultados: 39,6% defendem o reforço dos poderes do Presidente da República, sendo que 81% consideram que deveria nomear para os altos cargos públicos, 73,3% que deveria nomear para as entidades reguladoras, 66,3% que deveria intervir na definição de políticas económicas e 71,3% na definição da política externa, 76,5% que deveria ter uma maior intervenção nas questões de defesa e segurança, 70% que o direito de veto deveria ser reforçado e 80,8% que deveria ter um papel mais importante no combate à corrupção! Mais uma vez, porque será?
Num país em que o Estado se agigantou logo na Assembleia Constituinte, e que consome hoje mais de 50% da riqueza produzida – e este valor é real, não provém de nenhuma sondagem -, a imbecilidade galopante retira do baú a varinha mágica da nacionalização do “aparelho produtivo” (economia) e do paternalismo estatal sobre as liberdades (e deveres) fundamentais. E está aí um dos maiores problemas: apesar da consciência de que o “monstro” falhou, a crise veio acentuar os “brandos costumes” e acelerar esta tendência para, sempre à espera de D. Sebastião, se trocar facilmente a liberdade e a responsabilidade pela falsa e reiterada promessa de pão fácil.
Muito ao arrepio do que diz a sondagem e o bom senso, os novos arautos da estatização das nossas vidas, saudosos do PREC, consideram que o Homem falha no uso da liberdade, mas não falhará aos comandos do Estado e dos seus tentáculos.
A grande questão, pós Abril, está em saber que Estado proporcionará o melhor do Homem numa sociedade verdadeiramente livre, se aquele que requer mais individualismo (não é o mesmo que egoísmo), que responsabilize cada um de nós pelo nosso futuro, individual e colectivo, ou se aquele que centraliza numa elite, em nome de uma maioria ausente, e da desconfiança, uma inexorável mediocridade.
Num Estado que, apesar do enorme dispêndio de recursos, falha logo nos seus atributos básicos (Segurança e Justiça), não pode deixar de ser uma suprema ironia a reinvenção da máxima de Salazar: “tudo pelo Estado, nada contra o Estado”.
Ângelo Ferreira
Publicado no jornal Diáro de Aveiro de 28/04/2009