quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O Declinio da Violência


Steven Pynker é investigador no departamento de psicologia da Universidade de Harvard.

Neste video fala-nos de violência. Como a violência tem tido um decréscimo radical olhada na escala dos milénios, dos séculos e até das décadas. Como as nossas sociedades são, hoje, imensamente mais seguras e humanas que eram no passado. Como diz Pynker: "Hoje, estamos provávelmente a viver o momento mais pacífico da presença da nossa espécie na Terra."

Continuando com Pynker: ..."Na década de Darfur e Iraque, pouco tempo depois do século de Estaline, Hitler e Mao, afirmar que a violência tem vindo a dimunuir pode parecer algures entre a alucinação e a obscenidade. No entanto estudos recentes que procuram quantificar o fluxo e refluxo histórico da violência apontam exactamente para essa conclusão.

Alguma desta evidência esteve debaixo do nosso nariz todo o tempo. A história convencional demonstrou há muito, de muitas maneiras, que nos estamos a tornar mais bondosos e gentis. Crueldade como entretenimento, sacrificios humanos para satisfazer superstições, escravatura como um processo de poupar trabalho, conquista como afirmação de missão de governo, genocidio como meio de adquirir territórios, tortura e mutilação como rotina de punição, pena de morte por pequenas ofensas ou diferenças de opinião, assassinio como mecanismo de sucessão política, violação como despojo de guerra, massacres de minorias como saida para a frustração, homicidio como forma dominante de resolução de conflitos - todas foram características vulgares da vida em grande parte da história humana. Mas, hoje, são raras ou inexistentes no Ocidente, e muito menos comuns, em todo o lado, do que eram, sendo certo que quando ocorrem, são largamente condenadas quando são tornadas públicas."

Na escala dos milénios Pynker sublinha que, de acordo com os estudos de antropólogos como
Lawrence Keeley, Stephen LeBlanc, Phillip Walker, e Bruce Knauft, se as taxas de mortalidade das sociedades tribais fossem aplicadas às guerras do sec XX teriamos tido não os 100 milhões de mortos, mas sim 2 biliões.

Na escala dos séculos Pynker baseia-se nomeadamente nos estudos do criminologista Manuel Eisner que tomando como campo de estudo a Europa Ocidental no período do sec XIII a meados do sec XX , chegou à conclusão que as taxas de homicidio em todos os países se reduziram drásticamente- por exemplo em Inglaterra no sec XIV foram detectados 24 homicidios por cada 100 000 pessoas contra 0,6 por 100 000 no ínicio dos anos 60 do sec XX.

Na escala das décadas os dados compõem aquilo a que Pynker chama um "quadro chocantemente feliz". A violência global decresceu consistentente desde meados do sec XX.
De acordo com Human Security Brief 2006 o numero de mortes em batalha nas guerras entre Estados declinou de mais de 65 000 por ano nos anos 50 do seculo passado, para menos de 2 000 por ano na nossa década. Na Europa Ocidental e nas Americas verificou-se na segunda metade do sec XX um nítido decréscimo do número de guerras, golpes militares e revoltas étnicas mortais. De acordo com a cientista politica Barbara Harff, entre 1989 e 2005 o numero de campanhas de assassinato em massa de civis decresceu 90%.

O declinio de mortes e crueldade coloca vários desafios à nossa capacidade de percepcionar o mundo: Como é que tanta gente pode estar tão errada relativamente a uma coisa tão importante?

Steven Pynker responde, na conferência, a esta questão. Bom filme!

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