Escreveu Bruto da Costa:«Os idosos representam um grupo particularmente atingido pela exclusão social, entendida como um processo que conduz ao afastamento progressivo e cada vez mais grave de pessoas do “estilo de vida” corrente na sociedade». Esse afastamento conduz, no caso particular dos idosos, a situações de solidão e foi sobre este tema em concreto que o MEP organizou uma tertúlia na FNAC Gaiashopping.
Alguns dados estatísticos sobre a realidade em Portugal:
- num período de 50 anos, entre 1960 e 2004 a população idosa mais que duplicou em valores absolutos (1960: 708569 idosos; 2004: 1 790 539) sendo previsível que quase duplique até 2050( estimativa de 3 milhões de indivíduos);
- entre 1960 e 2004, verificou-se um aumento de 8% para 17% da proporção da pop. idosa face ao total da população (previsão de que esse valor venha a ser de 32% em 2050);
- aumento significativo da população mais idosa (mais de 80 anos): 1960: 107 617 pessoas; 2004: 401 008. Tal é reflexo de uma crescente longevidade sendo que este crescimento é o mais significativo do que qualquer outro grupo etário. Prevê-se que em 2050 10,2% dos portugueses terão mais de 80 anos (1960: 1,2%; 2004: 3,8%);
- o índice de dependência de idosos - relação entre a população idosa e a população potencialmente activa (15 aos 64 anos) – quase duplicou entre 1960 e 2004, passando de 13 para 25 idosos por cada 100 indivíduos em idade activa, prevendo-se que este valor mais que duplique em 2050.
Presentes na tertúlia estiveram Artur Santos e Tito Rodrigues respectivamente director e aluno da Universidade Sénior Contemporânea do Porto, Joana Guedes, docente do Instituto Superior de Serviço Social do Porto, e Alice Seixas, médica de família que exerce funções em Centros de Saúde do Porto.
Sobre o tema foram levantadas algumas questões como:
- necessidade de reconfigurar as lógicas actuais da sociedade excludentes da pessoa idosa: o afastamento do sistema produtivo é condição para a tornar descartável para a sociedade; a organização do tempo (emprego, transportes,…) não permite às famílias disporem de tempo quer para os seus idosos quer para as suas crianças;
- o que é mais preocupante: o idoso que vive só mas tem consciência disso (e é apoiado externamente) ou o idoso que vive com família que não tem disponibilidade e o vota a situação de abandono?;
- sendo os maiores consumidores de cuidados de saúde (medicamentos, consultas), o médico de família assume-se muitas vezes como um amigo e conselheiro? Há necessidade de uma ainda maior aposta numa visão holística (bio-psico-social) na forma como é encarada o tratamento do utente pela medicina?
- existência de universidades seniores como espaços e tempos onde são desenhados e desenvolvidos projectos de vida para que a pessoa continue a ocupar o seu espaço na sociedade. Deve o conhecimento aqui produzido ser certificado?
Por último foram deixados dois conselhos para um envelhecimento activo: ter hábitos de vida regrados e saudáveis (com destaque para uma alimentação correcta contrariando o fast food) e criar a necessidade de maior conhecimento e interesse pelo conhecimento, pela cultura, pelas artes de modo a que ele possa vir ser desenvolvido na idade maior.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Preparar a Idade Maior
Etiquetas:
Idosos solitários
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1 comentário:
bom dia e muitos parabéns ao MEP Porto por esta iniciativa porque todos somos poucos para colocar as PESSOAS IDOSAS no lugar digno que merecem e é seu por direito.
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