sexta-feira, 26 de junho de 2009

Pontes para o futuro

A líder do maior partido da oposição referiu-se assim ao que se propõe fazer se for governo:

Vamos rasgar e romper com todas as soluções que têm estado a ser adoptadas em termos de política económica e social.


Independentemente do que se possa pensar da actual governação (e as razões para querer mudanças são muitas), esta posição é muito preocupante.

Um dos maiores problemas da governação em Portugal tem sido esta abordagem à rotatividade: romper sempre com o que estava a ser feito.

Em primeiro lugar nas políticas dos governos que temos tido tem sempre havido aspectos positivos. Muitas vezes estes aspectos são alterados apenas para marcar a diferença, a ruptura.

Em segundo lugar esta vontade de mudar a todo o custo dispensa os governantes de fazer uma avaliação ao trabalho dos que os antecederam, que se contagia depois ao seu próprio trabalho. Às vezes o que se segue a uma alteração não é a avaliação mas sim o planemaneto de uma nova alteração, seja a que pretexto for.

Finalmente estas mudanças cíclicas e totais geram uma instabilidade em toda a sociedade (indivíduos, empresas, instituições) que depois de trabalharem uns anos com uma orientação se vêem obrigadas a alterar tudo cada vez que há alterações governativas.

De tudo isto resulta naturalmente a desorientação estratégica que Portugal vive.

Por isso nas próximas eleições temos que ir além de uma (natural e justificada) vontade de mudar. Temos que procurar uma mudança sobretudo no modo de abordar a política e a sociedade. Num momento de crise, mais do que fazer alterações impensadas, é importante criar pontes entre os portugueses, entre os representantes políticos dos portugueses e entre as políticas do passado, do presente e do futuro.

O MEP, com a sua cultura de pontes, apresenta uma inovação que me parece decisiva para que Portugal se reconcilie, estabeleça objectivos comuns de longo prazo e seja solidário a ultrapassar a presente crise, de modo a sair dela como um país na linha da frente do desenvolvimento e da solidariedade.

6 comentários:

Helder Alves disse...

Para melhor enquadramento da questão, passo a publicar transcrição completa do trecho visado:


«Vamos rasgar e romper com todas as soluções que têm estado a ser adoptadas em termos de política económica e social, para que tenhamos resultados diferentes. E eu estou absolutamente convicta que o crescimento ou empobrecimento do país não é uma questão de fatalidade; não é uma questão de fado; não há aqui um destino. O que há, é políticas certas ou políticas erradas. Aquelas já deram a prova de que são erradas; e são erradas porque já deram maus resultados. Uma política é avaliada pelos seus resultados e não pelos seus anúncios. É pelos resultados!»

Carlos Albuquerque disse...

Zupo

A minha intenção era sobretudo chamar a atenção para aquilo que considero um problema nacional: o mudar sem pensar para mostrar que somos diferentes.

Com o enquadramento da frase que o Zupo nos dá, devo dizer que a minha preocupação não diminui. Não ponho em causa as boas intenções de MFL, mas parece-me que o discurso é simplista ao ponto de ser irrealista.

As medidas dos governos são complexas e têm efeitos complexos. Dividi-las entre certas e erradas é já simplificar muito para além do razoável. Agora assumir que todas foram erradas e querer, por isso, "rasgar e romper com todas as soluções que têm estado a ser adoptadas" nem parece vindo de alguém que tem a experiência de governação que MFL tem. No fundo MFL nem pensa em avaliar com cuidado pois já considera tudo mau. Além disso não tem minimamente em conta o efeito que tem na sociedade uma mudança brusca de todas as políticas.

Globalmente, eu diria que, com o trecho completo, fica claro que o PSD se está a posicionar para cometer os mesmos erros que sucessivos governos PS e PSD têm cometido.

João NAR Ferreira disse...

Caro Carlos,

Não posso estar mais de acordo consigo! Eu fiquei estupefacto com as declarações recentes da MFL nas suas últimas entrevistas. É MFL dá a entender de que está a gostar de fazer propaganda demagógica embalada pelos resultados das Europeias, e/ou esqueceu-se de que vai governar um país e não governar em contra-ciclo (contra o PS). Quando MFL diz por exemplo, que nunca viu os estudos sobre as diversas linhas do TGV porque diz ela que eles não existem, faz-me pensar que não estuda as matérias, nem nunca visitou o site da RAVE, e se esqueceu que tomou partido dos estudos enquanto era ministra no governo de Durão Barroso. É que nem consegue apresentar propostas alternativas, só sabe dizer que não aumentará os impostos... o que me leva a concluir que é tudo demagogia e vamos prepararmo-nos para mais um elevado número de abstencionistas nas próximas eleições.

Ana Maia disse...

Infelizmente é o retrato do que tem sido este país. Quem vem depois destrói. Mesmo as coisas boas, que também há em todas as governações.
Não pode ser. É irresponsável, é anti-democrático, é não colocar o país à frente de interesses partidários e outros.

Excelente post!

Ana Maia

Anónimo disse...

As suas preocupações são as de muitos Portugueses que, embora sabendo ser possível alterar o que vai mal, têm medo de o fazer. Muitas vezes.e na maior parte delas, temendo represálias.
É claro como água que, se o PSD valtar ao poder, não pensará duas vezes e alterar e eliminar,políticas encetadas pelo PS mesmo que tenham algo de positivo.
Portugal é assim! Não faças o que eu digo masa o que eu faço. Não dar apoio a ideias válidas e contributos positivos, mesmo que isso signifique estar fora dos centros de decisão e do "prestígio" que dá olhar para as câmaras e de aparecer na televisão.
É a vaidade pura ao mais alto nível!
Chega! Basta! Há que por ponto final a tudo isso. É possível fazer melhor. Melhor é mesmo possível. Vamos a isso!
Um abraço.
João Ricardo Lopes

Lista O disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.