Saio de Lisboa para Aveiro. Venço o embaraço da escolha entre as duas auto-estradas alternativas que ligam estas cidades optando pela A8/A17.
Admiro a imensidão do vazio que à hora de ponta preenche as três faixas paralelas desta nova obra de regime. Reflicto sobre o novo regime de concessão aplicável a estas e futuras auto-estradas, um conceito de parceria público-privada onde os privados fazem os investimentos e recebem em troca uma espécie de "rendimento mínimo garantido", sendo o risco do negócio totalmente passado para o Estado. Um inovador conceito de capitalismo de benefícios privados e custos públicos.
(...)
Saio em direcção à movimentadíssima estrada Aveiro-Águeda. A estrada vai estreitando e esburacando, culminando numa impressionante passagem de nível sem guarda, a pouco mais de 200 metros da intersecção das A17 e A25. Esta passagem de nível, que é uma das muitas do mesmo tipo naquela zona, fica na saída de uma curva da linha férrea.
(...)
Percebo a relação simbiótica que há muito se estabeleceu entre o Estado e o sector da construção. Perdi totalmente a esperança de que venha a ser destruída e há muito que "provisionei" a minha quota-parte dos encargos futuros que daí resultarão. Sei também que automatizar passagens de nível sem guarda pode poupar vidas mas não tem dignidade para inauguração ministerial. Mas no meio de tanto Keynesianismo parolo, e dando de barato que muito do dinheiro dos nossos impostos futuros tem de ír para betão e alcatrão, talvez seja altura de o começar a dirigir para a resolução dos problemas reais que afectam as infraestruturas que servem efectivamente a população.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Para reflectir...
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