Maria de Lurdes Rodrigues despede-se com uma frase que diz bem do que foi a sua actuação no ministério: "Paz com professores vai sair muito cara ao país".
(...)
Foi isso que fez a ministra: arruinou a educação, criou um défice na relação entre o PS e os professores e não conseguiu conquistar o Estado escolar. Da sua acção restam ruínas. Esse foi o resultado da guerra que sairá muito cara ao País, depois de Lurdes Rodrigues ter equiparado os professores a talibãs. O exército convencional do Estado não conseguiu vencer, nem convencer, a guerrilha escolar. Mas este é o reflexo do Estado da actualidade: um poder que faz a guerra aos portugueses. O Estado deixou de tratar os portugueses como cidadãos: passou-lhes um atestado de simples contribuintes.
(...)
O que sai caro é este Estado que se entretém em guerras suicidas como a da ministra e não procura a paz com os seus cidadãos.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Guerra e paz
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2 comentários:
Penso que ver esta questão dos professores de modo tão leve é enganador.
Se por um lado é possivel que o sistema de avaliação não tenha sido bem desenhado (não estou assim tão inteirado, porque é uma questão que me é externa), também é verdade que do lado dos professores (através dos seus representantes sindicais) não se viu uma atitude construtiva, apenas uma resistencia cega a qualquer tipo de avaliação. Até hoje estou para ver uma proposta alternativa à do Estado, por parte dos Professores.
E agora "querem" apenas um governo sem maiorias absolutas. Porque? Porque assim atrasa-se o processo, e nunca chegam a ter avaliação.
Confesso que qualquer generalização desta dimensão leva a injustiças, e a classe profissional terá como todas bons e maus profissionais. Mas eu sou avaliado no meu trabalho! Toda a gente é! Como é que os Professores pensam viver à margem desta realidade?
É que o sistema tal como está promove toda a gente, e nesse caso eu, como contribuinte, sinto-me roubado. Não pelo estado! Pelos meus concidadãos...
Caro anónimo
Este modo de encarar a questão dos professores não é leve nem enganador. Trata de um assunto que um político não pode ignorar: o conflito só por si nada constrói. Uma guerra que se começa sem planos para a paz é absurda e não pode ser ganha. Este governo começou a guerra mas nunca pensou como é que poderia construir a paz a seguir.
Conheço o sistema e tive oportunidade de o debater em detalhe com os professores: o sistema era injusto à partida (para começar o concurso para professor titular só considerava os últimos sete anos do currículo, deixando de fora professores de topo apenas porque já tinham exercido os seus cargos executivos há mais de sete anos e pondo à sua frente professores muito menos reconhecidos) e era tão mal desenhado que o governo acabou por repetir a simplificação, dando razão às críticas iniciais.
Muitos professores movimentaram-se para construir propostas alternativas mas o ministério nunca mostrou qualquer abertura.
Não deve confundir os professores com os dirigentes de alguns dos sindicatos de professores.
Os professores não pretendem viver à margem da avaliação (que aliás sempre existiu!) mas o erro deste governo foi precisamente pensar que qualquer sistema de avaliação seria sempre melhor do que o que estava.
A avaliação não existe para pagar salários (menores) mas sim para fazer com que o sistema faça aquilo que se espera dele e para melhorar o que está menos bem. Uma das grandes confusões deste governo foi precisamente pensar que o objectivo da avaliação era gerar uma folha de pagamentos.
Acrescento que num sistema de salários iguais para todos quem é prejudicado não é o contribuinte mas sim aqueles que trabalham mais e melhor e que não ganham mais por isso.
Para prejuízos directos ao bolso do contribuinte sugiro que veja a forma como têm sido geridas as parcerias público privadas. O post anterior dá algumas pistas sobre o assunto.
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