«Centrámo-nos numa coisa que tem sido denominada de política de betão, mas que suponho que foi mais do que isso. Houve um alinhamento, e uso a expressão alinhamento com todos os sentidos que ela possa ter, entre empresas que vivem fundamentalmente para o mercado interno, num ambiente de fraca concorrência, e os dirigentes dos maiores partidos políticos. E isso fez com que, praticamente desde 1995, os grandes problemas da competitividade externa das Pequenas e Médias Empresas (PME) não fossem tratados. E os sinais já cá estavam há muito tempo, com a redução prevista e efectiva de postos de trabalho nos nossos sectores tradicionais, com arranque muito lento de novas iniciativas em áreas tecnologicamente mais evoluídas e na maior parte dos casos à custa de grande subsidiação, criando-se uma espécie de ilhas para grandes investimentos estrangeiros.
Ainda hoje é possível ouvir o Governo, este como outro de outro partido, "encher a boca" com os 1200 milhões de euros de exportações da Qimonda, sem nunca dizer que o valor acrescentado é um sexto disso. Há uma disponibilidade para apoiar grandes projectos que ficam completamente dependentes dessa subsidiação e o Governo acaba por ficar refém desses projectos sob pena de ficar responsável pelos despedimentos. Tudo isso distrai a atenção de um trabalho mais profundo, com melhores resultados em termos de emprego que seria o de criar condições mais fáceis para as nossas PME.»
Ferraz da Costa em entrevista ao Público
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