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domingo, 21 de dezembro de 2008

São José Almeida

São José Almeida

"Há ainda um outro factor que é preciso ter em conta. O aparecimento de um novo partido de centro-direita, o Movimento Esperança Portugal (MEP), liderado por Rui Marques, e que já apresentou a sua lista às europeias, encabeçada por Laurinda Alves.

Saber se o CDS pode ser um interlocutor privilegiado de um PS ao centro e se o MEP poderá ganhar protagonismo face a um PSD em mutação e aparentemente desorientado quanto à melhor forma de se manter fiel a um eleitorado tradicional, ao mesmo tempo que é obrigado a renovar a sua orientação programática, são duas incógnitas a que só as urnas responderão. Não podem porém ser ignoradas na análise das mutações em curso no espectro partidário e que poderão levar a um sistema que tenha o partido de Sócrates como o centro." (...)

São José Almeida, in "Público", 20/12/2008


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domingo, 21 de setembro de 2008

O Utente – Comunicação Social: como vender na silly season?

por Hugo Martinez de Seabra

Embora não tenha ainda terminado, este verão tem sido animado pela comunicação social (de todo o tipo: audiovisual, escrita, internet e rádio) com relatos extraordinários de crimes, na sua maioria violentos e, segundo reforçam, praticados por imigrantes.

Tudo tem início com duas ocorrências filmadas, uma delas em directo, onde a dicotomia Nós/Outro pôde ser explorada até à exaustão. Refiro-me obviamente ao tiroteio de Loures, aparentemente entre duas “comunidades” rivais realojadas no mesmo bairro, e ao assalto com reféns num Banco em Lisboa, cometido por dois cidadãos brasileiros.

Desde então e até à rentrée política diariamente os noticiários abriam com ocorrências violentas e fora do normal, os jornais faziam manchetes de semelhantes factos, a sociedade voltou a despertar para a insegurança e para uma ameaça presente das “portas para dentro”: os imigrantes enquanto criminosos e violentos.

Recordo-me ter lido, na sequência do assalto ao banco, uma, também ela extraordinária, peça de Barbara Wong no Público intitulada «É uma “ilusão” que os imigrantes em Portugal cometam mais crimes que os portugueses», na qual são questionadas as erróneas generalizações e estigmatizações que emanam de tamanha propaganda. Nessa mesma peça Jorge Malheiros, reputado Professor e Investigador nestas áreas, relembra o verão do pseudo-arrastão e reforça a coincidência destes factos serem sempre noticiados numa altura em que não há notícias. Se me é permitido, dou outro exemplo semelhante indo um pouco mais atrás, ao verão de 2000 e aos assaltos da CREL, fenómeno relatado até à exaustão e com directos em todos os canais pela actriz Lídia Franco.

Neste post, para além da qualidade habitual de utente, escrevo também enquanto investigador que no passado estudou para o Observatório da imigração, conjuntamente com Tiago Santos, o fenómeno da criminalidade de estrangeiros em Portugal. Analisando dados estatísticos do Ministério da Justiça sobre Condenações em Primeira Instância para os sete anos compreendidos entre 1997 e 2003, chegámos à conclusão que as principais razões para os estrangeiros estarem sobre-representados nada têm a ver com a sua nacionalidade, mas sim com factores como o género, a idade e a condição perante o trabalho. Os estudos clássicos da criminologia demonstraram, há larguíssimas décadas, que o homem jovem tem muito maior propensão para a prática de actos desviantes. Como é do conhecimento geral, as populações migrantes, sejam elas africanas, brasileiras, ucranianas ou portuguesas, são, na sua maioria, caracterizadas por um movimento inicial de homens jovens aptos a aceitar qualquer tipo de trabalho remunerado que melhore a sua condição. Ainda no que toca ao estudo de 2005, é fundamental fazer uma ressalva sobre as enormes limitações que enfrentámos quando trabalhámos estatísticas que apenas categorizavam os arguidos/condenados através da dicotomia português/estrangeiro. Neste quadro é fundamental ter presente que nem todos os estrangeiros aí recenseados são imigrantes: um turista, um homem de negócios, um adepto de futebol ou um “correio de droga” nada têm a ver com o fenómeno migratório e todos eles podem estar nesta estatística.

Regressando aos meios de comunicação social e à criminalidade, preocupa-me ter visto semelhantes comportamentos na RTP, onde o jornalismo tem obrigação de ser isento, deontologicamente recto e solto do populismo e imediatismo característicos dos canais rivais. Até o Expresso, ao entrevistar em meia página António Guterres na qualidade de Alto-Comissário da ONU para os Refugiados, decidiu fazer alegações entre a política migratória portuguesa e o aumento da criminalidade.

Escrevo estas linhas para manifestar a minha preocupação sobre estes fenómenos, infelizmente reincidentes, que contribuem para enraizar na opinião pública generalizações estigmatizantes e reacções xenófobas relativamente a um conjunto de seres humanos que no seu dia-a-dia, trabalhando, pagando impostos e contribuições para a segurança social, conscientes dos seus direitos e deveres ajudam Portugal a crescer, a desenvolver-se e esforçam-se esperançados numa conjuntura económica mais favorável.

Como todos já tivemos oportunidade de verificar, já lá vai a “onda de criminalidade” deste verão, já temos de regresso os comícios políticos, o início do ano lectivo, as oscilações dos combustíveis e tudo mais para nos entreter.

Gostaria, por último, de deixar uma pequena nota relativamente aos cibernautas que através dos seus blogs decidiram igualmente reforçar esta ligação entre criminalidade e imigração, questionando as investigações realizadas até ao presente: já nos dizia Karl Popper que a ciência evoluí através da refutação das teorias pré-existentes e apresentação, com base nos mesmos ou novos dados, de novas teorias. Aquilo que durante este verão alguns (poucos) bloggers fizeram foi fácil demais, questionaram as conclusões de um estudo científico, mas não “deitaram mão à massa” para apresentarem uma teoria alternativa que comprove que a existente está errada. É fácil falar, muito mais complicado é concretizar.

A terminar reforço o quanto é fundamental que seja respeitado o código deontológico dos jornalistas no que toca à referência desnecessária a elementos como a nacionalidade, a etnia ou a religião dos envolvidos. Será que gostaríamos que todos os verões, no Luxemburgo, os migrantes pertencentes à nacionalidade estrangeira mais representada nas prisões locais fossem “mediatizados” e estigmatizados como criminosos e delinquentes?


Hugo Martinez de Seabra


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domingo, 27 de julho de 2008

Leituras

"Acha que Portugal tem mais a ganhar com a direita ou com a esquerda?

Tenho muita dificuldade em considerar essa classificação útil nos dias de hoje. Eu acho que há uma transversalidade de muitas questões e um grau de complexidade na vida política que faz com que o quadro esquerda e direita esteja ultrapassado. Eu próprio tenho muitas ideias que são de esquerda e muitas ideias que são de direita e não acho que sejam conflituais. Tenho uma noção muito elitista da cultura que tradicionalmente é da direita. Tenho uma visão dos costumes que me aproxima mais de uma tradição que vem da esquerda. Portanto, prefiro não dizer o que é melhor, se é a direita se é a esquerda, mas tentar discutir o que é melhor em termos substantivos. "

JPP no DN


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terça-feira, 8 de julho de 2008

Sobre o MEP


"O Movimento Esperança Portugal (MEP) pretende situar-se num espaço
político ocupado entre o PS e o PSD. Parece dotado de um núcleo fundador de
aderentes jovem e profissionalmente competente. Mas terá, em minha opinião, um
diminuto potencial de afirmação. Marcelo Rebelo de Sousa, em 9 de Março, na RTP, foi deselegante para Rui Marques e para o MEP, a quem atribuiu um propósito de muleta de José Sócrates e do PS, tendo em vista a renovação da maioria absoluta socialista. Não vou por aí. Acredito na sinceridade dos propósitos dos militantes do MEP. Apenas duvido da sua eficácia."

Novos e velhos partidos, por Paulo Calhau


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terça-feira, 17 de junho de 2008

Essa coisa das palavras...

João Miguel Tavares no DN

"São só palavras, dizem eles. Barack Obama é só garganta, dizem eles. E este "eles" não são americanos vidrados em George W. Bush. Estes "eles" são muito nossos: gente da inteligentzia nacional, literata, experimentada, calejada e que, basicamente, não vai em cantigas. Pacheco Pereira acha que Obama é só paleio. António Barreto desconfia que Obama é só paleio. E eu vejo-me acompanhado de Mário Soares - o homem com quem na última década mais vezes devo ter estado em desacordo - a defender as qualidades do senhor. E, se me permitem, a deixar esta simples pergunta: mas desde quando é que a política deixou de ser sobre palavras, discursos e capacidade de persuasão?

Já Platão e Aristóteles se entretiveram a encher pilhas de livros sobre a importância da retórica no espaço público e como ela está na base da própria ideia de democracia. E no entanto, de repente, parece que o pensamento tecnocrático tomou conta de tudo, e que para muita gente respeitável a política deixou de ser "a" política para se transformar numa espécie de gestão, mais ou menos técnica, da coisa pública. Mas que pobreza. Querer reduzir os méritos de um político à qualidade do seu programa é como avaliar a beleza de uma pessoa só com base nas suas medidas. Da mesma forma que um 86-60--86 não faz uma mulher necessariamente bonita, um belíssimo programa eleitoral não faz obrigatoriamente um bom Governo.

Ajuda? Claro que ajuda. Mas quando se fala de Obama e do seu génio enquanto orador, é extraordinário que se encolha os ombros e se diga "bah, aquilo é só conversa". É evidente que a conversa não chega - e, justiça lhe seja feita, a forma como ganhou as primárias e planeou a campanha revela um profissionalismo extraordinário -, mas no dia em que os discursos inspiradores não valerem de nada, no dia em que um homem que consegue arrastar milhões de jovens até às urnas for apenas "folclore", é porque o melhor da política se perdeu."


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quarta-feira, 4 de junho de 2008

Demografia e porta-contentores


Rui Cerdeira Branco, no Jornal de Negócios:

"Atentemos na natalidade: o caminho mais rápido para o seu incremento passa pelo alinhamento entre os desejos do coração e as capacidades do torrão em que se vive. Os desejos do coração são conhecidos: em Portugal, como pela Europa fora, vivem milhões de famílias frustradas por quererem ter mais filhos do que os que acabam tendo – falo de um dado estatístico, note-se. Quanto às capacidades do torrão, eu diria que estamos perante um ciclo vicioso onde se parece acreditar piamente que a natalidade é um obstáculo ao trabalho e um empecilho à produtividade. Um sentimento que tem por cá um inusitado fervor, só justificável pelo fraco conhecimento da natureza humana e do encadeamento de acontecimentos fulcrais que dependem da sã sobrevivência das famílias.

Por último, atentemos nos idosos: chegar a velho, será tanto mais dramático quanto menos nos ocuparmos de pensar esse período das nossas vidas, individual e colectivamente. Notem que o que está em causa não é a eficiência económica, nem apenas promover a previdência financeira: mais do que orientá-los para a produção, o que julgo merecer preocupação é conseguir orientá-los para a vida, para a nossa vida. Eles somos nós.

Concluindo, temos de encarar de forma integrada e transversal as condições quotidianas que permitimos e oferecemos às famílias. Ignorar uma reflexão profunda da nossa organização social e económica, presente e futura, partir com ligeireza para pacotes de medidas avulsas e, por vezes, contraditórias, é garantidamente disparar ao lado e é um comportamento irresponsável que pagaremos muito caro, se perdurar. Tentemos ser felizes, será um bom princípio."


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