A ideia não é nova mas foi lançada em forma de repto à sociedade civil, políticos e ao actual governo para que reflictam sobre ela de forma séria. Este apelo surgiu durante o simpósio "Reinventar a Solidariedade" que teve lugar ontem em Lisboa (dia 15 de Maio). O comissário deste simpósio, e também presidente da TESE – Associação para o Desenvolvimento, João Wengorovius Meneses, explicou que a ideia já foi implementada em Inglaterra e deu origem à criação de um banco social de investimento (Social Investment Bank).
Então no que consiste? O projecto passa por mobilizar os activos financeiros não reclamados nos bancos para o combate à pobreza. Segundo João Meneses: “Em Inglaterra existem 19 mil milhões de euros em activos não reclamados e de carácter financeiro, isto é, contas bancárias não movimentadas há mais de 20 anos, juros de obrigações, dividendos de acções, prémios de seguros e certificados de aforro não reclamados e que, no fundo, pertencem à sociedade, não pertencem aos balancetes dos bancos, das seguradoras, das instituições em que estão perdidos.”
Se esta medida fosse implementada em Portugal, João Menezes diz-nos que bastava que Portugal tivesse mil milhões de euros para se fazer uma “revolução ao nível da coesão social”.
Ainda segundo João Meneses, a ideia foi apresentada de forma informal ao actual governo, mas até agora nada foi concretizado. Eu pergunto: sendo a Europa um espaço livre de circulação e de capitais porque não criar um banco deste género ao nível europeu e canalizar os fundos para o 3º sector dos países que mais necessitam? E não será afinal isto, aquilo que o MEP defende para uma "Europa de Rosto Humano", os valores da solidariedade e da interdependência? Será que os actuais deputados e eurodeputados estão atentos a estes projectos? E o presidente do Banco Central Europeu, o Senhor Jean-Claude Trichet, será que ele anda atento à realidade social ou à realidade do sector da alta finança?
Ora, quem parece que anda atento a esta realidade é a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que organizou este simpósio. "Quem diria?", dirão muitos dos portugueses que acham que a Igreja Católica Portuguesa anda desligada da realidade da sociedade portuguesa dos tempos modernos. Pois o D. Carlos Azevedo tem sido a voz de alerta desta (será?) nova Igreja. Não sei se repararam, mas entrevista atrás de entrevista D. Carlos Azevedo tem deixado uma mensagem que revela uma grande lucidez quanto à realidade social do mundo em que vivemos. Sem dúvida, que esta é a melhor altura para repensar o nosso modo de vida, para reinventar a solidariedade e a nossa forma de estar no mundo e de inter-agirmos com ele!
Deixo-vos com um dos relatórios do Social Investment Bank de Inglaterra para poderem reflectir sobre esta ideia.
E que tal lançar uma petição para que esta ideia seja discutida na Assembleia da República e no Parlamento Europeu?
Sem comentários:
Enviar um comentário