O desemprego é um dos mais preocupantes flagelos de qualquer sociedade. Nos tempos difíceis que atravessamos, de grave crise económica, o seu agravamento exige um olhar ainda mais atento e co-responsável de todos, poder político, empresas, sociedade civil.
O problema encerra as óbvias dificuldades económicas sentidas pelas pessoas desempregadas e suas famílias, pela falta de rendimentos, mas também uma outra dificuldade que nenhum subsídio de desemprego resolve: o avassalador sentimento de frustração individual pelo facto de uma pessoa não se sentir integrada, não se sentir útil. A tristeza profunda do desemprego, sobretudo de longa duração, magoa ferozmente, diminuindo a auto-estima da pessoa, a sua dignidade, muito para além das necessidades materiais.
Podemos até aceitar que existirão pessoas que, por razões que aqui não são agora chamadas, não se importarão de estar desempregadas e viver de subsídios. Mas todos sabemos que elas serão apenas algumas árvores que, por vezes, escondem essa floresta negra de pessoas para as quais o sol, apesar do seu esforço, não brilha.
Esta consciência pede-nos uma atenção redobrada, uma acção concertada e, na medida do possível, inovadora e desprendida de velhas concepções. O assunto, não sendo simples, nem de solução fácil, exige transformar-se numa prioridade política, social.
Além do problema económico, que afecta cada vez mais famílias, há todo um clima crescente de baixa auto-estima que prejudica a nossa capacidade colectiva de sair da crise, de promover desenvolvimento, de criar riqueza sustentada, de diminuir desigualdades sociais. Este ciclo vicioso não afecta apenas os desempregados e os seus dependentes, mas toda uma sociedade, que vive de interdependências inevitáveis. Isto obriga-nos, mais do que em alturas de reluzente fartura, a ver o bem individual assente também no bem do outro. O interesse próprio deixa assim de poder ser o egoísmo ignóbil, de uma pouco prudente cegueira.
Se é verdade que as desigualdades não se resolvem, como alguns pretendem, de forma estatal, central e administrativa, não deixamos de ter responsabilidades solidárias, sobretudo quanto a este infortúnio, o que deve levar-nos a desenvolver medidas que fomentem o emprego, isto é, que fomentem a economia, a capacidade de gerar riqueza, numa óptica inclusiva, partilhando trabalho, esforço, dedicação, responsabilidades.
O Estado tem aqui um papel importante que, mais do que garantir subsídios de desemprego, deverá passar por criar condições que fomentem o emprego. Isso só pode fazer-se em articulação com o tecido empregador, quer sejam as empresas, quer sejam instituições do terceiro sector (IPSS, associações, etc.). Talvez devesse mesmo passar a usar os nossos recursos, solidariamente, para transformar, na medida do possível, os subsídios de desemprego em subsídios de emprego.
Poderá o valor do subsídio de desemprego ser usado como estímulo ao emprego? Que outras medidas poderão ser aplicadas para fomentar o emprego nesta altura tão difícil?
Poderá o subsídio de desemprego ter uma contrapartida (voluntária) do lado de quem o aufere?
Poderá esse subsídio ser convertido em salário, durante o mesmo período, a troco de trabalho numa Instituição de Solidariedade ou numa associação sem fins lucrativos, tão carentes de recursos e com uma acção tão valiosa para a comunidade?
Poderá o mesmo subsídio transformar-se em salário para trabalho numa empresa? Poderão as empresas, sem fazer uso fraudulento, estar abertas a esta iniciativa e, de forma sustentada, assumir, desde logo, uma responsabilidade progressiva pela remuneração do trabalhador?
Poderá o Estado libertar instituições e empresas, num período contratualizado, dos encargos fiscais com o emprego/trabalho? Poderá o Estado dar outros estímulos, mais fortes, ao emprego para os desempregados mais vulneráveis, de longa duração, com mais de 45 anos e com baixas qualificações?
Poderá esta ideia, para além de promover maior auto-estima e maior produtividade, ter um efeito gerador de riqueza e emprego para além desse prazo e desse esforço solidário?
Que outras medidas podem ser tomadas para promover o emprego, potenciar a criação de riqueza e uma sociedade mais coesa?
O MEP (www.mep.pt), do qual faço parte, promoverá em breve uma semana dedicada ao perfil de exclusão “Desempregados de Longa Duração”, para conhecer melhor o problema e identificar medidas de políticas públicas para o seu programa. Se tiver sugestões, não deixe de contribuir. Será muito bem-vindo.
Julgo que o tema, mais do que nunca, merece uma profunda reflexão e a procura de respostas inovadoras e pró-activas no domínio da política de emprego. A bem de todos.
Ângelo Ferreira
Publicado no Diário de Aveiro de 3 de Fevereiro de 2009
A crise desperta-nos para princípios de solidariedade. Penso que é possível nas empresas com hierarquias definidas (desde os Administradores, aos operários) puderem redefinirem os salários. Isto é, todos os trabalhadores (de um sector, departamento, etc) baixarem uma % do seu salário para a soma total salvar 1,2,3… postos de trabalho. Eu cá dava de mim aos outros. Brilhante o texto, gosto de saber o vosso ponto de vista, porque consegue marcar a diferença.
ResponderEliminarbom dia amigo, estou passando uma fase muito dificil, pois estava trabalhando em um bingo que está fechando e ninguém da empresa liga para nós durante a semana para ao menos nós tranquilizar de que estão fazendo algo para reverter está situação.estou me frmando em segurança do trabalho pelo senac e ainda não consegui nada na minha area ou algo proximo dela, mais todas as pessoas que falo me dizem que sem QI não entra.sou de são jose dos campos e estou cada dia mais triste com está situação. Me desculpe pelo desabafo, não podia ficar com isso dentro de mim.
ResponderEliminarO desemprego vai acabar no Brasil!
ResponderEliminarNão porque teremos mais postos de empregos no Brasil! E sim porque os brasileiros estão descobrindo através do empreendedorismo (a venda direta) como maneira de ganhar dinheiro, conhecimento e independencia.
Eu (graças a Deus) sou um desempregado há 10 anos, e pude enxergar que esse era o caminho para deixar de ter patrão, trabalhar muito e ganhar pouco. E ainda correr o risco de levar um pé-na-bunda e ficar sem perspectivas. Sem falar que os trabalhadores perdem seus empregos com a falencia da sua empresa.
Hoje meu nome (paulozambroza) e (paulo zambroza) aparece mais de 100 mil vezes nas buscas do google. E como tal, estou agragado/afiliado a programas de marketing de incentivo e relacionamentos.
Ganho mais de 8 mil mensais e disponho de mais tempo para a familia e inclusive ficando mais tempo em casa do que na rua (correndo risco de assalto, bala perdida, acidentes de transito, inundações e etc...)
Com o advento da internet o desmprego vai sumir. E isso não é uma perspectiva, já é um fato!
Veja mais informações no http://www.negociocerto.ws
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